As despesas com o fechamento de lojas levaram o Carrefour Brasil a um prejuízo milionário, mas o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) veio melhor que o esperado. Essa e outras surpresas estão puxando a ação da varejista na bolsa de valores para cima nesta terça-feira (20) – embora não o suficiente para reverter a baixa acumulada nas primeiras semanas do ano.
A ação CRFB3 chegou a subir 9,77% na máxima do dia até agora, batendo R$ 11,90 pela manhã. No entanto, no acumulado de 2024, ainda há queda de mais de 7%. Em 12 meses, o papel recua mais de 22%.
Na noite de terça-feira (20), a empresa anunciou que fechou o 4º trimestre com um prejuízo líquido de R$ 565 milhões. A piora na comparação com o lucro de R$ 426 milhões foi puxada pelos gastos com o fechamento de unidades físicas que não estavam dando o resultado esperado na avaliação da empresa. Mas o Ebitda ajustado somou R$ 1,88 bilhão, acima da média das projeções de especialistas.
Analistas da Genial Investimentos avaliaram em relatório que “o conjunto consolidado pelo grupo foi positivo”, apontando que as fortes despesas com o fechamento de lojas podem “assustar à primeira vista”, mas, para eles, “a iniciativa é benéfica no médio prazo, uma vez que a companhia está direcionando o seu foco para recompor a rentabilidade ao longo de 2024″.
A avaliação é a mesma de analistas da Levante, que também acreditam que “a companhia se aproxima de um ponto de inflexão em termos de rentabilidade” e vê “sentido no médio prazo” no aumento das despesas operacionais. “Além disso, as iniciativas da companhia somadas à queda da Selic, devem resultar na redução do custo de capital, gerando um impacto positivo ao longo de 2024”, acrescentaram.
Mas nem tudo é otimismo
Apesar de alguns dados melhores do que o esperado, o mercado ainda aponta incertezas sobre Carrefour. Isso significa que a análise de “ponto de inflexão” não é unânime entre os especialistas.
Para o BTG Pactual, “tal como nos últimos trimestres, os resultados do 4T mostraram novamente uma tendência de enfraquecimento (apesar de alguma melhoria, principalmente nas despesas gerais e administrativas)”.
“Embora esperemos tendências de melhoria gradual nos próximos trimestres, apoiadas pelos esforços da CRFB para otimizar seu portfólio de lojas e pela recente recuperação da inflação alimentar, a integração/ramp-up do Grupo Big e os custos de financiamento ainda elevados significam que os resultados permanecerão sob pressão.”
BTG Pactual, em relatório
Para Mateus Haag, analista da Guide, “o Carrefour entregou um resultado fraco“. Apesar de apontar fatores positivos como “uma melhora na dinâmica de capital de giro” pela redução do estoque, por exemplo, o especialista ressalta preocupações como o endividamento da companhia, que “levou a uma pressão no resultado financeiro líquido”.
A falta de unanimidade também se reflete nas recomendações para as ações do Carrefour. Em um levantamento feito pela plataforma Valor Pro com 8 casas, são 4 recomendações de compra, incluindo Santander Corretora, Itaú BBA e Ágora Investimentos, enquanto outras como XP Investimentos e Safra mantêm recomendação neutra para o papel.
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