As ações da marca esportiva caíram 9,2% nesta quarta-feira (30), a maior queda intradiária desde o início de abril, quando os mercados reagiam à agenda tarifária do presidente Donald Trump. As ações acumulam queda de cerca de 23% nos últimos 12 meses.
A Adidas também decepcionou os investidores ao reafirmar apenas sua previsão anual, apesar do aumento no lucro no segundo trimestre. A empresa ainda espera ter lucro operacional entre € 1,7 bilhão (US$ 1,96 bilhão) e € 1,8 bilhão US$ 2,07 bilhões) neste ano, de acordo com um comunicado, abaixo da média de € 2 bilhões (US$ 2,3 bilhões) das estimativas dos analistas.
O CEO da Adidas Bjorn Gulden atribuiu a incerteza em torno do impacto das tarifas à inalteração da previsão, em parte porque os consumidores podem reduzir as compras devido à inflação. A empresa já sofreu um impacto de milhões de euros com as tarifas e espera que os custos associados aos produtos Adidas para os EUA cheguem a € 200 milhões este ano.
“É claro que há um lado positivo nisso”, disse Gulden a repórteres em uma teleconferência. “Mas não acreditamos que seja prudente aumentar qualquer projeção quando não sabemos realmente o que acontecerá nos próximos seis meses.”
Puma
Na semana passada, a Puma também citou o efeito das tarifas ao reduzir as expectativas de lucro e afirmou que a marca, em dificuldades, precisa de uma redefinição.
As ações da Puma caíram na terceira grande queda deste ano, depois que a empresa alertou que reportará um prejuízo anual e enfrentará uma provável conta de tarifas de € 80 milhões nos EUA.
O novo CEO da Puma, Arthur Hoeld, disse que está se reunindo com funcionários, varejistas, parceiros e investidores para explorar o que deu errado e que apresentará um plano em outubro.
Muito além da Adidas
As ações de empresas de vestuário e calçados em todo o mundo estão sob pressão devido às tarifas de importação impostas por Trump.
As empresas precisam encontrar maneiras de mitigar o efeito das taxas em um momento em que consumidores com dificuldades financeiras também estão controlando as compras.
A situação ameaça interromper a sequência de dois anos de sucesso da Adidas, que começou com o renascimento do clássico Samba e, desde então, se expandiu para incluir outros modelos de calçados com as três listras e visual retrô. Os investidores se perguntam se a Adidas conseguirá manter seu ritmo diante das tarifas e dos esforços de recuperação da líder do setor, Nike Inc., que começou a impressionar analistas com seus planos.
As vendas da Adidas no segundo trimestre desaceleraram em relação ao início do ano, ficando um pouco abaixo das expectativas, em € 6 bilhões. Euro mais forte, fim da franquia de calçados Yeezy e resultados mais fracos do que o esperado na Grande China e na Europa foram fatores determinantes.
“No geral, uma receita ligeiramente mais fraca foi compensada por margens melhores, o que resulta em um conjunto misto de resultados, em nossa visão”, disse Piral Dadhania, analista da RBC Capital Markets, em nota.
As apostas da Adidas
Ainda assim, Gulden rejeitou a ideia de que o ímpeto esteja diminuindo, afirmando que a tendência do modelo de tênis Samba ainda está crescendo em alguns mercados e que a Adidas está ganhando força com uma gama mais ampla de calçados casuais, incluindo os tênis de basquete Superstar e o Taekwondo Mei, de sola fina. A empresa também está se preparando para o retorno dos tênis Stan Smith, totalmente brancos, já no final do próximo ano.
“Se você quer ver algo negativo, sempre pode encontrá-lo”, disse Gulden sobre a trajetória de vendas. “Não vemos isso e, para ser honesto, estamos felizes e orgulhosos de onde estamos. Está à frente do nosso plano.”
A Adidas ainda espera que as vendas em moeda neutra cresçam a uma taxa de um dígito alto este ano, e ainda mais rápido após considerar o fim do Yeezy.
Embora a demanda tenha sido muito fraca na Europa em junho, talvez devido às ondas de calor, o desempenho se recuperou em julho e o crescimento regional provavelmente ultrapassará 10% no restante do ano, disse Gulden.
O CEO destacou o segmento de corrida da Adidas como um ponto particularmente positivo, afirmando que as vendas aumentaram mais de 25% em relação ao ano anterior, em parte devido à demanda pelo tênis Adizero Evo SL.
“O negócio representa uma grande oportunidade”, disse ele, especialmente se a Adidas conseguir conquistar clientes mais casuais que migraram para rivais como On Holding e New Balance nos últimos anos.