Negócios
Alibaba planeja IPOs depois de vendas fracas em economia frágil
Grupo avalia ofertas públicas iniciais para suas unidades de logística e supermercados.
O Alibaba Group (BABA34) avalia ofertas públicas iniciais para suas unidades de logística e supermercados, dando início a uma divisão há muito esperada que pode ajudar a impulsionar o crescimento anêmico do grupo, líder em nuvem e comércio online na China.
Nesta quinta-feira (18), o Alibaba divulgou crescimento de receita de um dígito novamente, o que reforça a preocupação de que uma retomada dos gastos dos consumidores chineses pode estar mais longe do que o previsto.
A empresa também anunciou a aprovação formal para desmembrar sua divisão de serviços em nuvem com a distribuição de ações aos acionistas e para explorar IPOs de seu braço de logística Cainiao e de sua rede de supermercados Freshippo. A companhia também planeja obter financiamento externo para sua divisão de comércio internacional, que abrange operações no exterior, como a Lazada, com sede em Singapura.
Como a maior empresa de comércio eletrônico da China, o Alibaba ainda serve como um termômetro para a demanda dos consumidores no país. Seu comércio doméstico encolheu 3%, enquanto a divisão de nuvem, outro negócio observado de perto, registrou queda de 2%.
Esse fraco desempenho ressalta como a recuperação chinesa, após anos de restrições com a política Covid Zero, ocorre em um ritmo mais lento do que o projetado, prejudicado pelas sanções dos EUA à China e um ambiente econômico global incerto. As esperanças de que o governo de Pequim apoiaria a iniciativa privada este ano, após a forte repressão ao setor de internet, não se traduziram em políticas significativas até agora.
O Alibaba teve vendas de 208,2 bilhões de yuans no trimestre de março, contra uma estimativa média de analistas de 209,2 bilhões de yuans. O lucro líquido foi de 23,5 bilhões de yuans, revertendo as perdas de um ano atrás, graças a ganhos extraordinários.
Investidores apostavam que os gastos dos consumidores e o setor de tecnologia se recuperariam depois de o governo chinês suspender anos de restrições abrangentes que afetaram a segunda economia do mundo. Mas economistas apontam para a desaceleração do comércio e outros sinais de que a recuperação nascente perde força. Durante o recente feriado da Semana Dourada, um importante indicador da confiança geral, os gastos totais ficaram aquém dos volumes de reservas.
Além das tendências dos fundamentos, alguns investidores têm esperança de que o desmembramento das unidades possa animar o mercado, permitir que as diferentes operações funcionem com mais agilidade e estimulem uma retomada das ações.
Em março, o Alibaba tomou a decisão histórica de se dividir em seis unidades que cobrem seus principais negócios, desde serviços em nuvem até comércio internacional e logística. Cada unidade, exceto o núcleo Taobao Tmall Commerce Group, pode captar fundos e buscar listagens.
Perspectivas
Apesar do cenário negativo, há indícios de que o comércio online começa a se recuperar.
O crescimento do valor bruto de mercadorias no setor de comércio eletrônico da China foi de 11% em março, depois de se desacelerar para 5% nos primeiros dois meses de 2023, de acordo com estimativas do Goldman Sachs, que citou a retomada da demanda e menos gargalos logísticos. Na semana passada, a JD.com disse que o crescimento do volume neste trimestre superava os três meses anteriores e ajudava a sustentar seu estoque.
A Tencent Holdings aumentou a receita no ritmo mais rápido desde 2021, enquanto a Baidu também registrou vendas acima das estimativas. Ambas atribuíram o resultado à recuperação nos segmentos de consumo doméstico. O gestor Michael Burry aumentou suas posições compradas na JD e no Alibaba, mesmo quando outros hedge funds recuam nas apostas relacionadas à reabertura do país.
Por enquanto, o Alibaba realiza cortes de custos agressivos para aumentar as margens e compensar o crescimento doméstico anêmico — uma mudança radical para o gigante de tecnologia que já gastou muito para dominar amplas áreas da economia. A repressão ao comércio online pelo governo do presidente Xi Jinping também obrigou o Alibaba a alterar um modelo de negócios que antes buscava exclusividade comercial.
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