A Amazon confirmou nesta semana que vai acelerar seu plano de construir dezenas de armazéns na zona rural dos Estados Unidos para depender menos de outras transportadoras. Para isso, ela pretende triplicar a quantidade de novas estações de entrega. Em 2023, ela operava 70 instalações do tipo. Agora, a ideia é chegar a 210 até o fim de 2026.
O custo total da iniciativa chega a US$ 4 bilhões, afirmou a porta-voz da Amazon, Alexa Clark, que não quis dizer quantos depósitos estão operando atualmente.
A maior varejista online do mundo passou a última década construindo uma operação logística massiva que inclui centenas de armazéns dentro e ao redor das principais cidades e uma rede de contratados sob medida que contratam motoristas para pilotar vans azuis com a marca Amazon.
A iniciativa de chegar ainda mais perto dos clientes começou em 2020, mas perdeu fôlego durante a pandemia.
UPS perde sua maior cliente
Para áreas rurais, a Amazon historicamente transferiu a maioria das entregas para transportadoras como o Serviço Postal dos EUA ou a United Parcel Service (UPS), a centenária empresa americana de logística e transportes.
A gigante do comércio eletrônico estima que a iniciativa da rede rural pode criar até 100 mil empregos, incluindo funcionários diretos que trabalham nos armazéns da Amazon e motoristas contratados por contratadas.
Esse plano da Amazon já fez a UPS anunciar o corte de 20 mil empregos em 2025. Ela também pretende fechar dezenas de instalações, por causa da queda drástica de remessas encomendadas pela gigante do e-commerce.
A redução na força de trabalho operacional — um grupo que inclui motoristas de entrega e manipuladores de pacotes — faz parte de uma reestruturação da rede em resposta aos volumes esperados “menores de nosso maior cliente”, disse a UPS na terça-feira (29). A empresa com sede em Atlanta fechará 73 prédios arrendados e próprios até o final de junho, e afirmou que pode identificar mais instalações para fechamento.
Em um comunicado por e-mail, a Amazon disse que a UPS solicitou uma redução no volume “devido às suas necessidades operacionais”. A Amazon disse que continuará a “parceria com eles e com muitas outras transportadoras para atender nossos clientes”.
A UPS tem cerca de 490 mil funcionários, ou seja, os cortes planejados devem representar 4% de sua equipe. No ano passado, ela anunciou o corte de 12 mil empregos de gestão.
Investimentos nos EUA
Empresas de todos os setores enfrentaram pressão para anunciar compromissos de gastos nos EUA desde que o presidente Donald Trump retornou ao cargo em janeiro, prometendo reviver a economia e trazer de volta empregos americanos.
Empresas de tecnologia de grande porte, em particular, delinearam planos para gastar centenas de bilhões de dólares nos EUA. Alguns exemplos são Apple e Nvidia, por exemplo. Executivos da Amazon discutiram no início deste ano tentar fazer um anúncio com Trump sobre os próprios gastos da empresa nos EUA, conforme relatou a Bloomberg.
A Bloomberg relatou no início deste mês que a Amazon estava considerando uma expansão de armazéns de 15 bilhões de dólares, incluindo centros de entrega, um movimento que reverteria a desaceleração da construção da empresa pós-pandemia.