A Arábia Saudita, um dos maiores emissores de títulos dos mercados emergentes no ano passado, deu início a 2025 com uma onda de empréstimos, à medida que o país busca novas fontes de financiamento para alimentar seu vasto plano de transformação econômica.
O fundo soberano do reino fechou um empréstimo de US$ 7 bilhões com um grupo de 20 bancos internacionais e regionais, informou em um comunicado nesta segunda-feira (6). Esse anúncio foi feito horas depois de o Ministério das Finanças do país ter iniciado uma venda de títulos e dias depois de ter levantado US$ 2,5 bilhões de três bancos.
Sob a agenda Vision 2030, do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, para transformar o maior exportador de petróleo bruto do mundo, o governo está gastando centenas de bilhões de dólares em uma variedade de projetos, desde novas cidades até esportes e tecnologia.
No entanto, seu orçamento tem sido deficitário durante a maior parte da última década e a previsão é que permaneça no vermelho nos próximos anos, o que significa que o governo está tendo que depender mais de empréstimos.
LEIA MAIS: Arábia Saudita está afrouxando controle sobre os mercados globais de petróleo
O petróleo Brent está sendo negociado em torno de US$ 76 por barril, abaixo do nível exigido pela Arábia Saudita de mais de US$ 90 por barril para equilibrar seu orçamento em 2025, de acordo com o Fundo Monetário Internacional. Ainda assim, a petroleira estatal Aramco aumentou os preços do petróleo para compradores na Ásia no próximo mês, em um sinal de que a demanda em seu principal mercado está se fortalecendo.
As autoridades sauditas disseram que alguns de seus enormes planos de gastos serão adiados enquanto o país se concentra em investimentos prioritários, como a preparação para sediar os Jogos Asiáticos em 2027 e a Copa do Mundo da FIFA em 2034. Isso se deve, em parte, a restrições de financiamento e também para evitar o superaquecimento da economia, segundo eles.
Título em dólar
O governo iniciou o processo de venda de seu primeiro título do ano na segunda-feira (6), dizendo que planeja emitir um acordo de três parcelas em dólar, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.
O preço e o tamanho das notas de três, seis e 10 anos provavelmente serão finalizados no final do dia, disse a pessoa. O Citigroup, o Goldman Sachs Group e o JPMorgan Chase são os principais bancos que administram a transação.
As necessidades de financiamento do reino este ano estão estimadas em 139 bilhões de riyals (US$ 37 bilhões), informou o National Debt Management Center em um comunicado no final do domingo. Pouco mais de 100 bilhões de riyals cobrirão o déficit orçamentário, enquanto o restante será usado para pagar a dívida vencida, disse o NDMC.
LEIA MAIS: BRF investe em produção de frango na Arábia Saudita de olho no mercado interno
Além de títulos, é provável que o governo saudita emita empréstimos. A linha de crédito rotativo de três anos de US$ 2,5 bilhões anunciada na semana passada foi obtida de três bancos. Eles foram o Abu Dhabi Islamic Bank, o Credit Agricole SA e o Dubai Islamic Bank, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
O reino vendeu US$ 17 bilhões em títulos internacionais em 2024, ficando atrás apenas da Romênia entre os mercados emergentes, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Todos os títulos foram denominados em dólares, embora este ano tenha sido dito que o reino poderá buscar outras moedas para diversificar sua base de financiamento.
O financiamento total de títulos da Arábia Saudita no ano passado, incluindo as transações feitas por entidades controladas pelo Estado, como o fundo soberano, totalizou cerca de US$ 50 bilhões.
O governo espera registrar um déficit fiscal de cerca de 2,8% do PIB este ano.
Apesar das altas necessidades de gastos, o governo saudita tem um balanço patrimonial sólido e muito espaço para assumir mais dívidas para apoiar seus investimentos, afirmou o Goldman Sachs nos últimos meses. Em novembro, o Moody’s Investors Service elevou a classificação de crédito do país de A1 para Aa3, no mesmo nível da França e do Reino Unido, citando uma perspectiva positiva para o setor não petrolífero.