A Fortescue está trabalhando com o governo brasileiro em formas de viabilizar sua unidade de fabricação de hidrogênio verde em Pecém (CE) após uma importante autorização negada, disse um executivo da companhia australiana nesta terça-feira.
Com 1,2 gigawatt (GW) de capacidade de eletrólise e investimentos estimados em R$20 bilhões, a planta projetada pela Fortescue vem avançando nas fases de engenharia e análise de custos, mas teve acesso à rede elétrica negado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o que impede o abastecimento da planta com a energia renovável necessária para a produção do combustível.
A negativa pode atrasar a decisão final de investimento prevista para 2026.
“Todos os projetos grandes de hidrogênio, como também de data centers, tiveram parecer de acesso negado, por questões do ONS, que quer fazer estudos… Não estou questionando isso, a questão agora é que temos que dar resposta para os investidores, porque causa insegurança jurídica”, afirmou Luís Viga, country manager da Fortescue no Brasil, a jornalistas após participar de evento.
Segundo o executivo, depois de o problema ter sido apontado, o Ministério de Minas e Energia já encomendou estudos para uma expansão da rede de transmissão de energia da ordem de 4 GW, sendo que parte dessa ampliação poderá atender o projeto de hidrogênio da mineradora.
“Essa (expansão da) transmissão está com prazo hoje para 2032… Os projetos que já estão começando, com a decisão de investimento mais próxima para gerar emprego, renda, arrecadação fiscal, tem uma necessidade para 2029. Então, o desafio é trazer de 2032 para 2029 essa conexão”.
Viga apontou que o desenvolvimento da planta de hidrogênio verde em Pecém, que é prioritário para a companhia no mundo, está dentro do cronograma para a tomada da decisão final de investimentos em 2026, mas que isso pode atrasar se o problema da conexão à rede elétrica não for solucionado.
“Hoje a gente consegue resolver ainda, mas vamos ter que andar rápido”, disse.
O executivo defendeu que a indústria interessada em produzir hidrogênio verde no Brasil precisa confirmar sua “vontade de realmente fazer”, uma vez que esses projetos são grandes consumidores de energia e o sistema elétrico precisará ser ampliado para dar conta dessa nova carga, elevando os custos a todos os consumidores do país.
Segundo ele, uma forma de garantir o comprometimento de investidores em prosseguir com os projetos de hidrogênio verde é exigir garantias bancárias, como tem sido feito em países da Europa.
O country manager da Fortescue afirmou ainda que a companhia já tem alguns “offtakers” (consumidores) identificados para sua produção de hidrogênio verde do Brasil.
“A gente está em um processo de fechamento dos nossos custos. Temos quatro empresas ‘triple A’ de engenharia contratadas, que estão terminando a engenharia agora na metade do ano… Com os custos (definidos), a gente vai no mercado falar com os ‘offtakers para começar a discutir contratos firmes”.
(Por Letícia Fucuchima)