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Negócios

Automob leva para Bolsa a aposta nas concessionárias de veículos seminovos

Empresa do grupo Simpar estreia na B3 com modelo de negócios que deu certo nos EUA, mas ainda é pulverizado no país

Antônio Barreto Junior, CEO da Automob
Antônio Barreto Junior, CEO da Automob (Divulgação)

É como se fosse um IPO, mas um pouco diferente. Talvez seja o melhor jeito de explicar a estreia da Automob, empresa de concessionárias de veículos do grupo Simpar, na B3 na próxima segunda-feira (16), mesmo sem o mercado emplacar uma nova listagem há três anos.

Para entender melhor o negócio: a Vamos, uma empresa-irmã que já é listada desde 2021, vai virar duas empresas listadas: uma de locação de máquinas e outra de concessionárias de máquinas. O braço de locação continuará a se chamar Vamos. Já a frente de concessionárias irá se juntar com a rede de concessionárias da holding, a Automob. E é ela que estreia na B3 na próxima segunda-feira.

A empresa controlada pelo empresário Fernando Simões chega à Bolsa com uma proposta ainda pouco conhecida no país, mas muito forte no exterior: a consolidação de lojas de venda de seminovos. No Brasil, são vendidos por ano mais de 14 milhões de veículos usados – para este ano, a previsão do setor é de recorde de 15,5 milhões de veículos vendidos, o que representaria um crescimento anual de 7,3%. O ticket médio dos veículos gira em torno de R$ 80 mil.

“Vai ser um processo de ensinar o mercado, de aproximar mais os investidores para explicar o que é nosso modelo de negócios”, diz Antônio Barreto Junior, CEO da Automob. A vantagem, lembra o executivo, é que a empresa entrará na Bolsa com uma boa parte de acionistas estrangeiros em sua base, que já estão acostumados a ver movimentos parecidos no exterior.

“Estados Unidos e Inglaterra são mercados que estão na nossa frente há alguns anos com essa consolidação e com muitas companhias listadas”, prossegue Barreto, ao lembrar de empresas como Group 1, AutoNation e Lithia, que já valem alguns bilhões de dólares na Bolsa de Nova York (Nyse).

Em um momento em que o Banco Central voltou a acelerar o aumento de juros, o consumo tende a desacelerar, mas o CEO da Automob ainda vê oportunidades para o setor apesar do aperto monetário. “Juros altos não são bom para ninguém, e nossa atividade precisa muito de crédito. A parte boa é que os bancos têm confiança na oferta de crédito para compra de seminovos, e é um nicho com baixa inadimplência”, afirma.

Estreia na Bolsa

A Automob vai estrear na B3 com uma faturamento anual de R$ 13 bilhões e uma rede de 200 lojas, que vendem desde marcas de luxo, como BMW e Jaguar, até carros populares – e agora também máquinas, que foi o que viabilizou a listagem da empresa. 

Na Vamos, o negócio de concessionárias não vinha entregando o resultado esperado e virou um detrator no balanço da empresa. Isso fez a Simpar decidir separar atividades de locação e venda de veículos pesados, de forma a aproveitar a especialidade da Automob na venda de seminovos. Outra aposta está em incrementar a receita com a venda de serviços de pós-venda.

 “O negócio da concessionária dentro da Vamos sofreu muito com a crise do agronegócio e isso se tornou um problema maior dentro dela. Já dentro do nosso negócio, podemos atuar de forma mais ágil. São produtos diferentes, mas as operações são bastante similares.”

Concessionária da Toyota
Foto: Adobe Stock Photo

Consolidada as mudanças, a Automob vai utilizar as vantagens de agora ser uma empresa listada em Bolsa, seja em um rating de crédito melhor ou a possibilidade de emissão de ações, para seguir com sua estratégia de expansão.

Hoje, a rede é mais concentrada em São Paulo, Estado onde o grupo Simpar começou a apostar na estratégia. Por ser um mercado muito pulverizado e de empresas familiares, Barreto vê oportunidade única de aquisições.

“Ainda é um mercado que nos permite crescer sem restrições geográficas ou regulatórias. É um negócio que nos possibilita ter um desenvolvimento exponencial. Hoje, não há limitação para nosso crescimento”, completa o CEO.

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