Negócios
Bancos digitais miram crédito para veículos
Empresas estão de olho em mercado concentrado nas mãos de cinco grandes bancos.
Após conquistar milhões de contas de instituições tradicionais, os bancos digitais começam também a oferecer crédito para compra de veículos. Eles estão de olho em um mercado que movimenta, em média, R$ 15 bilhões por mês, com 70% da concessão de financiamento concentrada em cinco grandes grupos – Bradesco (BBDC4), Banco Votorantim, Itaú (ITUB4), Panamericano e Santander (SANB11).
O C6 Bank começa a puxar a fila desse movimento entre bancos digitais nativos e anuncia hoje que vai enfrentar os gigantes do ramo. O banco entra no segmento de empréstimos para compra de automóveis e comerciais leves com presença em 1,2 mil concessionárias e lojas independentes nas regiões Sul e Sudeste. No próximo ano, a instituição financeira pretende entrar no segmento de motos e caminhões.
As parcerias com revendedores serão ampliadas mês a mês em 2022, com meta de chegar a 14 mil lojas em “um estágio de maturidade”, informa Ricardo Bonzo, responsável pela área de veículos no C6.
Inteligência
“O mercado brasileiro ainda é muito concentrado, e enxergamos oportunidade de trazer prestação de serviço diferenciada, agilidade e segurança para o cliente e eficiência para o revendedor”, diz o executivo.
Bonzo afirma, por exemplo, que o banco vai usar inteligência de dados para simplificar o processo, solicitando menos documentos e garantias do tomador de crédito, sem abrir mão da segurança e da qualidade da concessão. Com dados do CPF ou da CNH do consumidor, além da placa ou chassi do veículo, a aprovação do financiamento pode ocorrer em 15 a 20 minutos.
Para o lojista, o valor do crédito será enviado via Pix em operações que podem ser feitas em qualquer dia, incluindo finais de semana e feriados.
Segundo Bonzo, ao longo de novembro foram feitas operações-piloto envolvendo 60 lojas. Nesse processo, diz ele, não foi registrada perda de posicionamento de preço ao cliente e o feedback foi de que as taxas são competitivas.
“Viemos para o mercado para ser competitivo, para brigar com os bancos que hoje são líderes do segmento e estar entre os quatro maiores players do Brasil em concessão de financiamento de veículos”, afirma o executivo, que já passou por instituições como Itaú, Banco Volkswagen, Fibra e Bank Boston.
Estrutura enxuta
Sobre a oferta de juros competitivos, Bonzo afirma que os bancos digitais têm a vantagem de ter estrutura de custos mais enxuta – não possuem agências, por exemplo – e custo de captação competitivo, itens que entram na composição dos juros para os clientes. As taxas, aliás, vão variar de acordo com o perfil de risco do cliente.
O C6 Bank, que tem o gigante americano JP Morgan como sócio, diz não ter limitação de funding. “Estamos preparados para sustentar o crescimento que planejamos”, diz Bonzo. Outro passo do banco digital será a criação, no fim do primeiro trimestre de 2022, de carteira de autofinanciamento, o empréstimo pessoal que também coloca o automóvel como garantia.
Banco Pan e Creditas acirram briga no segmento
O C6 Bank tem entre seus concorrentes o Banco Pan (BPAN4), o ex-banco tradicional Panamericano, que era muito focado em financiamento de veículos e se digitalizou no início de 2020. Agora apenas em versão digital, quer impulsionar sua atuação no financiamento online e, em setembro, adquiriu 80% da Mobiauto, uma grande plataforma digital para comercialização de veículos.
Outra que buscou reforço similar foi a fintech Creditas, que fez parceria com a Kavak para oferecer crédito aos clientes da startup que atua na compra e venda online de automóveis.
O banco digital Neon afirma não ter intenção de ingressar no financiamento de carros no momento, mas “não descarta a possibilidade de, no futuro, oferecer o produto para melhor atender a necessidade dos clientes”. O Inter também não está na área mas diz estar “constantemente estudando produtos para incrementar seu portfólio”. Por estar em período de silêncio, o Nubank, outro que não atua no ramo, não se posicionou.
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