O presidente Joe Biden decidiu bloquear a venda da United States Steel para a japonesa Nippon Steel. Isso encerra um acordo de US$ 14,1 bilhões que enfrentou meses de oposição contundente e crescentes questionamentos sobre o futuro da gigante industrial dos Estados Unidos.
A Casa Branca anunciou a decisão nesta sexta-feira (3). “Uma indústria siderúrgica forte e de propriedade e administração domésticas representa uma prioridade de segurança nacional essencial e é crucial para cadeias de abastecimento resilientes”, disse Biden em comunicado. “Sem produção de aço doméstica e sem trabalhadores siderúrgicos domésticos nossa nação é menos forte e menos segura.”
O presidente já havia indicado sua oposição à proposta de aquisição, argumentando que a US Steel deveria permanecer como uma companhia de propriedade e operação americanas, embora a Casa Branca nunca tenha afirmado diretamente que Biden barraria o acordo. A Casa Branca não respondeu a pedidos de comentários.
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de bloquear a venda da U.S. Steel não foi para menosprezar o Japão, um importante aliado do Indo-Pacífico, mas para manter a produção de aço nos Estados Unidos, disse o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, nesta sexta-feira.
“Trata-se da produção de aço dos EUA e de manter uma das maiores produtoras de aço dos Estados Unidos como uma empresa de propriedade norte-americana”, disse Kirby.
Ações em queda
As ações da US Steel caíram até 8% nas negociações pré-mercado.
As empresas haviam sinalizado que planejavam entrar com ações judiciais caso Biden bloqueasse formalmente o acordo.
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Os investidores já haviam precificado baixas probabilidades de que a oferta de US$ 55 por ação avançasse — as ações da US Steel fecharam na quinta-feira a US$ 32,60 —, mas a decisão de Biden, se confirmada, pode encerrar uma saga de um ano, apesar das concessões da Nippon Steel sobre emprego, investimentos e liderança local.
Isso levanta questões difíceis sobre os próximos passos para a US Steel, que pode ter que reiniciar o processo de venda, e pode enfrentar dificuldades para encontrar um comprador para toda a empresa. A Cleveland-Cliffs, com sede no vizinho estado de Ohio, tentou adquirir a US Steel antes que a Nippon Steel vencesse a licitação, mas desde então adquiriu uma produtora canadense e hesitou sobre se ainda deseja adquirir toda ou parte da US Steel.
A Nippon Steel, ao mesmo tempo, terá que buscar fontes alternativas de crescimento.
O Washington Post relatou anteriormente o plano da Casa Branca, e a Bloomberg News informou no mês passado que Biden planejava barrar o acordo.
A US Steel — que reiterou anteriormente que a transação criaria “uma aliança no setor de aço para combater a ameaça competitiva da China” — não respondeu a pedidos de comentários sobre o suposto anúncio de Biden. A Nippon Steel não comentou sobre o tema na manhã de sexta-feira.
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O Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos (CFIUS) ficou dividido em sua revisão sobre a compra no mês passado e deixou a decisão final para Biden, que formalmente tem até o início da próxima semana para decidir. O presidente eleito Donald Trump, que assume o cargo no final deste mês, prometeu bloquear o acordo se ele chegasse à sua mesa.
O acordo, anunciado pela primeira vez em dezembro de 2023, tornou-se um ponto crítico político durante a campanha eleitoral presidencial dos EUA, após uma forte oposição do influente sindicato United Steelworkers (Trabalhadores Unidos do Aço). A revisão centrou-se em saber se a venda da histórica empresa americana representaria um risco à segurança nacional.
O CFIUS é um painel sigiloso que analisa propostas de entidades estrangeiras para adquirir empresas ou propriedades nos EUA, mas geralmente se concentra em adversários como a China, e não em aliados próximos como o Japão.