O Brasil se declarou livre da gripe aviária após não ter registrado novos casos em granjas comerciais desde o primeiro surto em maio, abrindo caminho para o retorno do maior fornecedor mundial de frango aos mercados internacionais.

O país, que representa mais de um terço do mercado global de exportação, completou um período de 28 dias sem novos casos, informou o Ministério da Agricultura do Brasil em comunicado na quarta-feira (18).

O ministério espera que os principais importadores retomem gradualmente as compras após suspensões generalizadas. “Um reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal é esperado dentro de alguns dias, após a revisão de todos os documentos enviados pelo governo brasileiro”, disse o presidente da ABPA, Ricardo Santin, em entrevista.

A detecção da gripe aviária em uma única granja avícola comercial no Brasil gerou um efeito cascata em todo o mundo, cortando o fornecimento para consumidores vorazes da China à Europa. Mais de 20 países haviam suspendido as importações de todo o Brasil, enquanto alguns grandes clientes, incluindo Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, implementaram apenas proibições parciais.

A gripe aviária altamente patogênica causou a morte de dezenas de milhões de aves em todo o mundo nos últimos anos. As granjas comerciais no Brasil estavam protegidas dos impactos até que o vírus foi descoberto em um rebanho comercial no estado do Rio Grande do Sul.

Demanda por frango

O Brasil se beneficiou do crescimento global da demanda por frango, à medida que os consumidores buscam alternativas à carne bovina, que é mais cara. Isso impulsionou os lucros de empresas nacionais como a BRF e a JBS. Cerca de dois terços do crescimento estimado nas exportações globais de frango neste ano devem vir do país sul-americano, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA.

O status de país livre da gripe aviária deve ajudar o Brasil nas negociações em andamento com importadores a revisar acordos sanitários, a fim de reduzir a área de suspensão das importações caso um novo caso em rebanhos comerciais seja confirmado.

Isso seria benéfico tanto para exportadores quanto para importadores, que evitariam novos aumentos nos preços locais do frango, disse Santin, da ABPA.