O Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu por unanimidade nesta quarta-feira (17) liberar a compra do tradicional grupo de panificação brasileiro Wickbold pela mexicana Bimbo. O Cade, porém, impôs restrições ao negócio anunciado no final de agosto do ano passado que incluem obrigação de venda de marcas importantes.

“A operação acarreta problemas concorrenciais nos mercados de pão industrializado e tortilha/wrap”, informou a relatora do caso no tribunal do órgão de defesa da concorrência, Camila Cabral, que precisou de mais de três horas para ler seu voto.

Entre as obrigações, a Bimbo terá que vender as marcas Tá Pronto, de tortilhas e wraps, da Wickbold, e Nutrella, de pães especiais, comprada anos atrás no país pelo grupo mexicano. Além disso, os desinvestimentos terão de ser acompanhados por um trustee independente para garantir “que os ativos continuem competitivos”, disse Cabral.

A Wickbold, que além da Tá Pronto é dona da marca homônima e de outras como Sevenboys, nasceu nos anos de 1930 na cidade de São Paulo e atualmente tem forte presença no Sudeste.

Além da Bimbo, que detém marcas como Pullman e Rap10, a Wickbold compete com outros grupos como a Pandurata, mais conhecida pelos produtos Bauducco.

Fábricas da Bimbo

A Bimbo tem seis fábricas no país, das quais três no Sudeste e a Wickbold tem quatro instalações de produção, sendo também três no Sudeste, segundo dados do Cade, que apontou para uma concentração de mercado com participação de 60% em pães de forma no Sudeste e de 90% em tortilhas no país.

Desde a chegada da Bimbo ao Brasil em 2001, o grupo tem crescido por meio de uma série de aquisições de marcas consagradas no país.

Para a Bimbo, a compra da Wickbold significa complementação de portfólio de produtos no maior mercado da América Latina e reforço de participação no segmento de pães especiais no Brasil.

A compra da companhia brasileira pelo grupo mexicano já havia passado pela Superintendência-Geral do Cade, que detectou que a transação, que não teve valores divulgados, gera preocupações concorrenciais em algumas categorias de pães industrializados, especialmente nos segmentos de pães de forma e tortilha/wrap, e por isso precisava de remédios para mitigar os riscos concorrenciais.