O Carrefour Brasil (CRFB3) está trazendo os principais executivos do controlador francês Carrefour ao seu conselho de administração, incluindo o presidente, em uma tentativa de adicionar ‘a expertise’ do alto comando do grupo global nas decisões da unidade brasileira.
As mudanças, que necessitam do aval dos acionistas em assembleia, foram anunciadas nesta terça-feira, junto com a conclusão da aquisição do Grupo BIG pelo Carrefour Brasil.
As trocas no conselho ocorrem à medida que um novo acordo de acionistas foi assinado entre o grupo francês Carrefour, e a Península, empresa de investimentos do empresário Abilio Diniz.
Se as mudanças propostas forem aprovadas, Alexandre Bompard, presidente-executivo do controlador francês, tornará-se o presidente do conselho do Carrefour Brasil. Abilio Diniz, que já ocupa um assento no colegiado, será o vice-presidente.
“Antes o Brasil viajava para a França, ou seja, os executivos do Brasil iam para a França. Hoje, os dirigentes da França vem ao Brasil”, disse Diniz a jornalistas nesta manhã.
Diniz destacou a presença de outros nomes da diretoria global do Carrefour no novo conselho. Alguns deles já tinham uma cadeira no colegiado e serão mantidos, como o diretor de finanças, Matthieu Malige, e Jérôme Nanty, diretor de recursos humanos e ativos.
Elodie Perthuisot, diretora de comércio eletrônico, dados e transformação digital do grupo francês, é uma das novidades.
Seis nomes do alto escalão do Carrefour global estariam no conselho da unidade local, de acordo com a proposta, sem contar o também francês Stéphane Maquaire, presidente do Carrefour Brasil.
“Varejo é local, porque o consumidor é local. Não dá para tentar jogar jogo do varejo de outro país sem ter um grande conhecimento do consumidor do país”, disse Diniz. “Queremos ter um ‘board’ local, mas com a expertise da França”. O novo conselho terá 13 membros, contra 10 atualmente, sendo três independentes.
Na visão de Diniz, o acordo de acionistas “dá muito mais importância ao Brasil”, destacando a composição do conselho com “conhecimento da França ajudando” a operação do país.
Patrice Etlin, da firma de private equity Advent, empresa que passou a ser acionista relevante do Carrefour Brasil com a venda do BIG, também terá uma cadeira. Ele disse que a Advent manterá seu papel “ativo” no conselho, como faz em outras empresas, “de apoio, atuando através de comitês e do conselho”.
Integração do Big
Além de detalhar as mudanças de governança, Maquaire, presidente-executivo do Carrefour Brasil, disse nesta terça-feira que a empresa espera completar a integração total da compra do Grupo BIG em cerca de 18 meses.
A companhia, segundo ele, já está trabalhando para integração dos novos times, enquanto paralelamente opera para conectar as cadeias de suprimentos dos dois grupos.
O executivo afirmou ainda que o Carrefour Brasil já está trabalhando para um plano de conversão de lojas e capturas de sinergias.
“Obviamente não vamos fazer tudo até o final deste ano, estou vendo um período de 18 meses para fazer todo esse trabalho e poder dizer, em uma conferência de imprensa em fevereiro de 2024: integração está já atrás de nós”, afirmou.
O passo seguinte, após a conclusão dessa integração, será uma jornada acelerada ainda mais no digital e no crescimento das atividades, disse ele.
O Carrefour teve no final de maio o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a compra do BIG por cerca de R$ 7,5 bilhões, mas terá que vender 14 pontos por questões concorrenciais.
Questionado sobre o andamento dos desinvestimentos, Maquaire destacou que o processo está sendo preparado junto com a integração das lojas do Grupo BIG, ressaltando que tratam-se de poucos pontos para vender ante os 374 que foram adquiridos.
Veja também
- Carrefour considera venda de ativos e reorganização operacional, dizem fontes
- Operadora do Oxxo no Brasil vem dando prejuízo. A expansão acelerada tem fôlego?
- Balanços dos supermercados melhoram no 4º tri com renda e consumo em alta
- Península define sucessor de Abílio Diniz; Carrefour da França tem vaga aberta no conselho
- Ação do Carrefour chega a subir quase 10% após balanço, mas otimismo não é unânime