Michael Klein, acionista e integrante da família fundadora das Casas Bahia, pediu o cancelamento de uma assembleia extraordinária no qual propunha reassumir o cargo de presidente do conselho de administração e a destituição do atual ocupante do cargo. A desistência foi informada pela Casas Bahia em fato relevante.

A assembleia havia sido convocada para 30 de abril e o pedido de retirada “de tais matérias da ordem do dia é justificada em razão de interações mantidas com acionistas”, afirmou a empresa sem dar detalhes.

“Tendo em vista o pedido de cancelamento enviado pelos Acionistas MK (Klein), a companhia informa que a solicitação de convocação de AGE divulgada por meio do fato relevante datado de 1º de abril de 2025 perdeu o objeto”, citou a empresa.

No mês passado, fundos de investimento ligados a Michael Klein aumentaram para 10,4% a participação na companhia. Com isso, pediram a convocação de assembleia de acionistas. A intenção do empresário era votar a destituição de membros do conselho de administração.

Klein mirava a destituição do presidente do conselho Renato Carvalho do Nascimento, além de outros integrantes como Rogério Paulo Calderón Peres, também deixariam o conselho. Ao mesmo tempo, os fundos propõem a eleição de Klein, como presidente do colegiado, e de Luiz Carlos Nannini.

Sem um controlador definido e com 75% das ações negociadas na bolsa, as Casas Bahia se tornaram suscetíveis a uma tentativa de tomada hostil de controle, sem o consentimento do conselho e da diretoria. Em outras palavras, um investidor que monte uma posição grande o suficiente para passar a dar as cartas no grupo.

Alarmada pelo desembolso de R$ 20 milhões para consolidar uma posição de 5,11% das ações da rede de varejo pelo investidor Rafael Ferri, a Casas Bahia quer propor em assembleia de acionistas a criação de uma poison pill – pílula de veneno – em tradução livre. Trata-se de uma cláusula para blindar a companhia de tentativas de tomada de controle.

A proposta é incluir no estatuto da empresa uma obrigação para qualquer um que atingir uma participação tão relevante de realizar uma oferta pública de aquisição de ações (OPA). Isso significa comprar a participação de outros acionistas e consolidar o controle de fato, Mas para isso o ofertante teria de pagar um prêmio sobre a cotação vigente, o que acaba inibindo operações do gênero.

(Por Alberto Alerigi Jr.)