Às vésperas do Salão do Automóvel de Munique e de uma reunião-chave em Bruxelas, Filosa alertou que a regulação excessiva encarece os carros pequenos, reduz volumes de vendas e ameaça a sobrevivência de fábricas europeias. O apelo ecoa falas recentes do chairman da Stellantis, John Elkann, e do ex-CEO da Renault, Luca de Meo.
Em entrevistas aos jornais Il Sole 24 Ore e Les Echos, Filosa disse que mudanças nas regras poderiam destravar novos lançamentos, como a ampliação da produção italiana do Jeep Compass em Melfi e do Fiat 500 híbrido em Mirafiori.
Essas foram as primeiras declarações de Filosa desde que assumiu o comando da Stellantis em junho, após a saída de Carlos Tavares no fim do ano passado. Napolitano de 52 anos, o executivo entrou na Fiat em 1999 e construiu carreira sob a tutela de Sergio Marchionne, então chefe da Fiat Chrysler.
Agora, ele precisa lidar com a queda das vendas nos Estados Unidos, onde as tarifas do presidente Donald Trump aumentam custos e afetam cadeias de suprimentos. Na Europa, a empresa enfrenta excesso de capacidade produtiva, ao mesmo tempo em que montadoras chinesas como a BYD avançam com modelos mais baratos.
Filosa reforçou que todas as marcas do grupo continuam estratégicas, inclusive a Maserati. A Stellantis contratou a consultoria McKinsey para ajudar a definir o futuro da Maserati e da Alfa Romeo, pressionadas pela guerra comercial intensificada por Trump. “Quero deixar claro que a Maserati não está à venda, mas precisamos definir quais produtos desenvolver e qual estratégia de longo prazo adotar para uma de nossas marcas mais icônicas”, afirmou.
O CEO também reafirmou os planos de investimento e lançamento de novos modelos na Itália, anunciados no fim do ano passado, e destacou o compromisso com a França. Segundo ele, o país segue “absolutamente estratégico” e há um “futuro industrial” para a fábrica de Poissy, próxima a Paris.
Questionado se a pressão atual poderia levar a novas fusões no setor, Filosa disse não acreditar que o tema esteja em discussão no momento. Também considerou cedo falar em fechamento de fábricas. “Mas a indústria automotiva está encolhendo sob o peso da regulação da UE, o que é muito preocupante em um momento de clara sobrecapacidade na China”, afirmou ao Les Echos.