O cacau em pó, usado em tudo, de misturas para panificação a shakes de proteína, também está em falta. Os preços do ingrediente principal, produzido quando os grãos de cacau são moídos, subiram cerca de 16% nos EUA no último ano e agora estão sendo negociados perto de um recorde.
É a mais recente reviravolta na crise global do cacau, que prejudicou os lucros dos maiores fabricantes de chocolate do mundo e fez com que os consumidores pagassem mais por menos. Empresas como Mars e a Hershey recorreram a táticas que incluem reduzir o tamanho das barras, adicionar ingredientes como nozes e até mesmo promover produtos sem chocolate.
A direção da Raaka Chocolate, uma fabricante de chocolate artesanal sediada em Nova York, informou que agora está pagando três vezes mais pelo cacau em pó que usa em suas misturas para chocolate quente e em um novo molho que a empresa planeja lançar neste outono. E o produto está cada vez mais difícil de encontrar.
“Todo mundo já contraiu tudo o que está chegando ao país”, disse Nate Hodge, cofundador da Raaka, que garantiu suprimentos de um parceiro no Peru. “Está superdifícil conseguir agora.”
Os preços do cacau em pó nos EUA estão sendo negociados pouco abaixo de US$ 9.000 a tonelada métrica, próximo ao recorde de fevereiro, de acordo com a KnowledgeCharts, uma unidade da Commodity Risk Analysis. Os preços na Europa estão acima de US$ 10.000 a tonelada, não muito longe da máxima histórica alcançada em maio.
A escassez de cacau em pó se agravou quando a indústria alimentícia tentou substituir a manteiga de cacau, que representa 20% do peso de uma barra de chocolate. Isso ocorre porque os substitutos feitos com óleos vegetais são mais claros do que a manteiga de cacau e não têm sabor próprio, forçando os confeiteiros a usar mais pó para restaurar a cor e o sabor, de acordo com Zachary Freed, gerente de desenvolvimento de produtos da Blommer Chocolate Co., a maior processadora de cacau da América do Norte.
Os grãos de cacau também estão reduzindo as margens de lucro dos processadores em todo o mundo, e a mudança no consumo de manteiga também está reduzindo o incentivo financeiro para moer mais. Afinal, a manteiga de cacau é o produto rentável, custando cerca de US$ 8.000 a tonelada a mais do que o pó, de acordo com a KnowledgeCharts.
“Se os clientes demandarem menos manteiga no mercado para o chocolate, você produzirá menos pó”, disse Kojo Amoo-Gottfried, diretor-gerente de cacau e chocolate da Cargill para a América do Norte, a segunda maior processadora de cacau do mundo.