A Coca-Cola anunciou que planeja lançar um novo produto apenas para consumidores americanos feito com açúcar de cana dos EUA. O lançamento deve acontecer ainda neste ano.

O anúncio foi feito menos de uma semana depois de o presidente Donald Trump afirmou, em uma publicação no Truth Social, que a empresa concordou em usar açúcar de cana em bebidas da Coca-Cola vendidas nos EUA.

A Coca-Cola também divulgou nesta terça-feira (22) um crescimento nas vendas e no lucro do segundo trimestre que superou as expectativas de Wall Street, já que os consumidores continuam pagando preços mais altos pelos refrigerantes da empresa.

A empresa afirmou que espera um crescimento anual de cerca de 3% no lucro por ação, acima da faixa de 2% a 3%.

As ações caíram 1% às 8h34 no início do pregão de Nova York. Mas, no ano, as ações da empresa sobem 13%, superando o S&P 500.

“Esta é uma estratégia ‘e’ e não uma estratégia ‘ou'”, disse o CEO da Coca-Cola James Quincey ao Wall Street Journal. “Continuaremos a usar muito do xarope de milho que usamos atualmente.” Segundo o texto, Quincey teria traçado os planos da Coca-Cola para o açúcar depois que a empresa deu um impulso aos seus lucros anuais, mas reportou uma receita abaixo do esperado para o segundo trimestre. A fabricante de bebidas de Atlanta afirmou que agora espera que o lucro ajustado por ação aumente 3% para o ano inteiro, em vez dos 2% a 3% projetados anteriormente.

Cana na Coca-Cola

Por décadas, a Coca-Cola utilizou xarope de milho com alto teor de frutose, mais barato que o açúcar de cana, para adoçar seu produto principal nos EUA. No entanto, uma versão mais cara do refrigerante, adoçada com açúcar de cana e importada do México para os EUA, conquistou seguidores fiéis.

Antes da divulgação dos resultados, o analista da CFRA, Arun Sundaram, escreveu que é “altamente improvável” que a Coca-Cola elimine totalmente o xarope de milho de sua linha, acrescentando que “um resultado mais plausível seria o lançamento de uma nova linha de produtos feita com açúcar de cana, que provavelmente teria um custo e preço de varejo mais altos”.

A produção de açúcar de cana dos EUA na safra 2025-26 deverá representar cerca de 30% do suprimento de açúcar do país, de acordo com o Departamento de Agricultura. O restante vem da beterraba, bem como de importações do México e de outros países.

O Secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., criticou a prevalência de alimentos ultraprocessados, que geralmente são mais propensos a usar o adoçante. Ele afirmou que “o xarope de milho rico em frutose está em toda parte”, contribuindo para tornar os americanos menos saudáveis.

O anúncio da fabricante de refrigerantes é o exemplo mais recente de como o governo Trump está arrancando mudanças das empresas por meio de pressão, em vez de novas leis ou regulamentações.

Na sexta-feira (18), a WK Kellogg juntou-se a uma lista crescente de empresas que anunciaram a remoção de corantes sintéticos de seus produtos, incluindo seus cereais coloridos. A Froot Loops, em particular, foi criticada por Kennedy e pelo movimento Make America Healthy Again pelo uso de corantes artificiais.

Embalagens menores

Apesar de relatar uma queda de 1% no volume total vendido globalmente, a Coca-Cola manteve o crescimento das vendas totais oferecendo embalagens menores.

A diretoria da Coca-Cola afirmou que, em seu negócio de sucos, por exemplo, adicionou mais de 130 milhões de transações neste ano, vendendo embalagens individuais de menor custo “em mercados que incluem América Latina e Índia, onde os consumidores buscam bebidas comerciais a preços acessíveis”.

Embora as marcas de refrigerantes carbonatados permaneçam inalteradas, apesar da queda na demanda, a Coca-Cola tem se concentrado na diversificação. Recentemente, lançou um novo refrigerante prebiótico em sua linha de sucos Simply e está expandindo sua marca de bebidas lácteas e proteicas Fairlife. Também está testando bebidas alcoólicas com a água com gás Topo Chico.

Os resultados mais recentes mostram que seus esforços estão impulsionando o crescimento. A empresa relatou um crescimento orgânico de 5% na receita, acima das estimativas dos analistas.

O mix de preços dos produtos da Coca-Cola aumentou 6%, em comparação com um aumento de 5% no trimestre anterior.