A BYD está investindo pesado para popularizar o carro elétrico no Brasil. O Dolphin Mini é o modelo de entrada da fabricante chinesa e foi anunciado por R$ 115,8 mil em evento que contou com a presença de Luciano Huck e Nathalia Arcuri nesta quarta-feira (28), em São Paulo. Além das celebridades, a companhia contou com a presença de empresas que vão desde a infraestrutura com energia renovável (Raízen), seguro auto (Porto Seguro) e financiamento automotivo (Santander). 

Mirando o acesso do brasileiro médio a um elétrico, a chinesa também apostou em fazer inserções em rede nacional, a exemplo da novela de horário nobre da Rede Globo (Renascer), assim como em outros programas, como o Domingão do Huck e seu quadro “E aí, quer trocar?”. Nele, o apresentador oferece um elétrico da BYD em troca de um carro velho que encontra pelo caminho enquanto dirige. 

Entre domingo (25) e a manhã de hoje foram vendidos mais de 6.500 unidades do modelo mais popular da fabricante. Detalhe: sem que os consumidores soubessem qual era o preço.

Homem em palco apresenta carro elétrico verde-limão em evento de lançamento.
Luciano Huck durante evento da BYD para divulgação do preço do Dolphin Mini | Foto: BYD

Isso porque durante o programa do Huck a montadora fez ações de marketing anunciando que daria um desconto de R$ 10 mil para aqueles que fizessem o pedido antecipando a reserva do modelo. O requisito era aguardar para saber qual seria o preço final.

Para estes, o elétrico automático que conta com internet de 3 gigabytes gratuita, sistema de pagamentos, monitor giratório, carregador de celular por aproximação, Apple Carplay e 6 airbags saiu por R$ 105,8 mil. Mas levando em conta que o modelo oferece sem custos um carregador vendido por R$ 7 mil, é como se os consumidores tivessem pagado 98,8 mil. 

Segundo Luciano Huck, que foi até Shenzhen, na China, conhecer a fábrica da BYD, ele estava no evento não somente por um contrato comercial, mas porque acredita na construção de um mundo mais eficiente e sustentável, cerne do projeto da fabricante que já tem mais de 6 milhões de carros elétricos espalhados pelo mundo.

No ano passado, a montadora viu suas vendas crescerem mais de 90 vezes e no Brasil, onde já tem 100 concessionárias e planeja dobrar este número até o fim de 2024, foi a marca que mais vendeu carros elétricos – mesmo sem qualquer tipo de incentivo fiscal por parte do governo Lula, diferentemente do governo chinês. 

Sobre isso, Alexandre Baldy, conselheiro especial da BYD e que já foi secretário dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo no governo João Doria, apontou ao InvestNews que acredita que o governo brasileiro vai entender a necessidade de estimular o consumo do carro elétrico assim como a fabricação no país. 

“No mercado americano, o governo dá subsídio para a montadora produzir nos Estados Unidos, assim como um subsídio de US$ 7.500 para que consumidores americanos comprem um carro elétrico fabricado nacionalmente.”

Alexandre Baldy, conselheiro especial da BYD

O executivo disse acreditar que o governo brasileiro vai entender que o carro elétrico deve ter uma convergência da mesma forma que o etanol nos carros híbridos plug in a fim de descarbonizar o país. 

Ainda segundo Baldy, em geral, o brasileiro aponta que carro elétrico é para rico, e por isso, a montadora está fazendo uma revolução frente às tradicionais, que tiveram que reduzir fortemente seus  preços para se tornarem ainda mais competitivas diante do Dolphin Mini.

SUV bege BYD visto por trás, dirigindo em estrada rural ensolarada com colinas verdes e céu azul.
Foto: Divulgação

Um exemplo é o Renault Kwid, um modelo elétrico lançado por pouco mais de R$ 143 mil, e que hoje é vendido por quase R$ 100 mil. Já o Peugeot 2008 elétrico está concedendo um desconto de R$ 100 mil sobre o preço de lançamento em 2022 (R$ 259 mil). 

Mas na China, a montadora também abriu uma ofensiva ao divulgar versões com preços mais baixos que os aplicados no ano passado. O país asiático é o maior mercado da fabricante.

Já no Brasil, a montadora segue investindo bilhões em um complexo industrial em Camaçari, na Bahia, previsto para começar a operar no segundo semestre de 2024. A produção “made in Brazil” vai permitir preços mais competitivos.

Projeção de vendas de elétricos

Para este ano é esperado que a venda de elétricos atinja 9% do total de carros vendidos no país; no ano passado, a participação foi de 7,9%, sendo este um recorde,  segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

A Associação atribuiu o sucesso  a diversos fatores, incluindo o aumento no imposto de importação de veículos elétricos e híbridos que passou a valer  em janeiro deste ano. A medida teria provocado uma antecipação nas vendas durante o último bimestre de 2023.

Agora, carros elétricos, híbridos e híbridos plug-in comprados fora do país voltam a pagar o Imposto de Importação, sendo as alíquotas gradualmente recompostas até chegarem a 35% em julho de 2026. Uma mão contrária a países que incentivam a descarbonização via uso de carros elétricos.

Ainda assim, se levar em consideração as contas feitas por Nathalia Arcuri, influenciadora de finanças convidada para o evento da BYD, ter um elétrico para chamar de seu pode dar ao consumidor uma economia de R$ 908 mensais quando comparado com um carro à combustão. O montante aplicado em um investimento com uma taxa anual de 10% geraria em três anos uma economia de R$ 38.931. “Destes, R$ 5.300 seriam apenas em juros, sem fazer absolutamente nada”, disse.

Segundo Arcuri, foram considerados para o cálculo gastos como manutenção e abastecimento (gasolina versus recarga de bateria).

Carro elétrico BYD Dolphin Mini bege carregando em estação externa.