Warren Buffett, presidente e CEO da Berkshire Hathaway. Foto: Houston Cofield/Bloomberg

O megainvestidor Warren Buffett anunciou, neste sábado (3), sua aposentadoria aos 94 anos, uma decisão que marca o fim de uma era à frente da Berkshire Hathaway após seis décadas de liderança.

O anúncio foi feito diante de uma plateia de mais de 20 mil investidores reunidos em Omaha, nos Estados Unidos, durante a tradicional conferência anual da companhia, um dos eventos mais aguardados do mercado financeiro global.

Buffett declarou que Greg Abel, atual vice-presidente da Berkshire Hathaway e responsável pelas operações não ligadas a seguros, será seu sucessor como CEO. A transição deve ocorrer até o final de 2025, após aprovação do conselho de administração, que se reúne neste domingo (4).

Buffett reforçou que continuará presente para aconselhar quando necessário, mas destacou que a palavra final será dada por Greg em qualquer assunto.

“Greg não sabia disto até agora. Ele será o CEO e ponto”, disse. O anúncio foi recebido com longos aplausos pelo público, que reconheceu a importância histórica do momento e o legado do “Oráculo de Omaha”, considerado o investidor mais bem-sucedido da história.

Ao comunicar sua decisão, Buffett também afirmou que não pretende vender suas ações da Berkshire Hathaway, optando por doar gradualmente sua participação ao longo do tempo. Ele reiterou sua confiança no futuro da empresa sob a liderança de Abel, afirmando que acredita que o potencial da Berkshire pode ser ainda maior com o novo comando.

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‘Oráculo de Omaha’

Warren Edward Buffett, nascido em 1930 em Omaha é reconhecido como um dos maiores investidores da história e um dos homens mais ricos do mundo, com patrimônio estimado em mais de US$ 150 bilhões

Apelidado de “Oráculo de Omaha”, Buffett iniciou sua trajetória no mercado financeiro ainda jovem, comprando suas primeiras ações aos 11 anos. Desenvolveu sua “filosofia de investimento” baseada no value investing — a busca por empresas subavaliadas com bons fundamentos e gestão eficiente.

Buffett tornou-se presidente e CEO da Berkshire Hathaway a partir do final dos anos 1960, transformando uma antiga empresa têxtil em um dos maiores conglomerados do mundo, com investimentos em setores como seguros, energia, transporte e varejo. 

Sob sua liderança, a Berkshire Hathaway atingiu um valor de mercado superior a US$ 1,5 trilhão em 2025, consolidando-se como uma das maiores empresas globais e uma das que mais pagam impostos nos Estados Unidos.

Além de sua carreira empresarial, Buffett é um filantropo ativo, tendo se comprometido a doar a maior parte de sua fortuna para causas sociais, principalmente por meio da Fundação Bill & Melinda Gates. Também cofundou o Giving Pledge, iniciativa que incentiva bilionários a doarem ao menos metade de suas riquezas.

Quem é Greg Abel?

Greg Abel, canadense formado em Contabilidade pela Universidade de Alberta, ocupa uma das vice-presidências da Berkshire desde 2018 e já era apontado como sucessor de Buffett desde 2021. Ele se destacou por sua atuação à frente da Berkshire Hathaway Energy, braço de energia e infraestrutura do conglomerado, e por sua gestão operacional eficiente.

Analistas destacam que Greg Abel adota uma postura mais participativa na gestão, acompanhando de perto as operações das empresas do grupo, mas sem perder de vista a filosofia descentralizada que sempre marcou a Berkshire Hathaway.

Ele preza pela autonomia das subsidiárias, incentivando que cada uma mantenha sua identidade e independência operacional, ao mesmo tempo em que monitora atentamente os resultados e enfrenta os desafios de cada negócio. Essa abordagem, segundo especialistas, busca equilibrar a tradição de independência do conglomerado com uma supervisão mais ativa e detalhista, especialmente relevante diante do cenário econômico global em constante transformação.

Qual é a situação da Berkshire?

A transição ocorre em um momento de grandes desafios e oportunidades para a Berkshire. A empresa acumula um caixa recorde de US$ 347 bilhões, resultado de uma política conservadora de vendas de ações nos últimos trimestres e de cautela diante do cenário macroeconômico global.

O desempenho recente da holding reflete tanto sua resiliência quanto as pressões do ambiente econômico, com queda de 14,1% no lucro operacional no primeiro trimestre de 2025 e desafios em setores como seguros e energia.

A sucessão de Buffett sempre foi tema de especulação e preocupação entre investidores, dada a influência e o prestígio do fundador. O consenso entre analistas é que Abel terá o desafio de equilibrar a tradição de independência das subsidiárias com uma gestão mais ativa dos recursos e do portfólio.