Os enormes cheques que a Meta Platforms, controladora do Facebook, emite para apoiar suas ambições em inteligência artificial lembram alguns investidores dos massivos gastos com o metaverso que prejudicaram as ações há apenas poucos anos.

Na semana passada, a empresa controladora do Facebook divulgou resultados que superaram as expectativas em métricas importantes. Mas o foco de Wall Street estava nas despesas de capital, que a empresa afirmou que chegariam a US$ 72 bilhões neste ano e seriam “notavelmente maiores” em 2026. Na teleconferência de resultados, o CEO Mark Zuckerberg minimizou as preocupações de que a Meta pudesse estar gastando demais em coisas como seu grupo Superintelligence Labs, e disse que “é a estratégia certa concentrar agressivamente a capacidade de construção na fase inicial”.

Agora, as ações da Meta acabam de registrar sua pior sequência de quatro dias desde novembro de 2022, em queda de quase 17%, eliminando US$ 307 bilhões em valor de mercado. Não por coincidência, a venda também foi provocada por questionamentos dos investidores sobre os planos de investimentos da empresa, o que levou a ação a recuar 77% em relação ao pico de 2021.

“Isso parece um retorno aos velhos tempos da Meta, quando gastava demais em coisas fúteis ou que não tinham exigências adequadas de retorno”, afirmou Tiffany Wade, gestora sênior de carteiras da Columbia Threadneedle Investments, com cerca de US$ 714 bilhões em ativos. “Os investidores estão perdendo a paciência.”

A ação subiu 0,2% nesta quarta-feira (5).

É claro que, mesmo com a queda recente, a ação da Meta ainda acumula alta de 7,5% neste ano. Isso porque, até recentemente, investir grandes somas em IA não era visto como algo negativo. Na verdade, as empresas eram recompensadas por isso, pois demonstravam que se mantinham competitivas no cenário tecnológico em evolução.

Zuckerberg há muito tempo destaca como a IA leva a um melhor direcionamento e engajamento dos anúncios. Mas, com os gastos em expansão, os investidores ficam receosos com os aportes sem sinais mais concretos de retorno.

A Meta não respondeu a um pedido de comentário.

O retorno sobre o capital investido da Meta foi de 25% no terceiro trimestre, uma queda notável em relação ao trimestre anterior, que estabeleceu um recorde de quase 32%. Mesmo com a queda, seu retorno permanece bem acima dos níveis observados em 2023, quando as ambições da empresa em relação ao metaverso impulsionavam maiores gastos.

Os gastos são apenas um dos aspectos das finanças da Meta que preocupam os investidores. Há também o uso de dívida fora do balanço e uma grande baixa contábil que ampliaram a diferença entre seus lucros líquidos e os pro forma, escreveu o Bank of America em nota a clientes em 2 de novembro. Essa tendência “pode evidenciar a deterioração da qualidade dos lucros e, que historicamente, tem sido acompanhada por retornos mais fracos”, de acordo com o banco.

Entretanto, outras áreas da perspectiva da Meta são animadoras. A receita deverá crescer 21% este ano e deve se manter acima de dois dígitos até 2028. O crescimento do lucro líquido, que foi estável em 2025, deverá ficar acima de 25% no próximo ano.