A montadora francesa Renault detém uma participação de 35,7% na Nissan, de acordo com dados compilados pela Bloomberg, que vale cerca de 557 bilhões de ienes (US$ 3,6 bilhões).
A Honda está preocupada com a possibilidade de a Nissan ficar sob uma influência estrangeira indesejável, caso a participação da Renault seja adquirida por terceiros enquanto as negociações para absorver a Nissan estão em andamento, disse a Kyodo na quinta-feira (16), citando pessoas familiarizadas com o assunto.
Os representantes da Honda e da Nissan não quiseram comentar. A Nissan e a Renault têm uma aliança que remonta a 1999, à qual a Mitsubishi Motors Corp. se juntou em 2016.
A Honda e a Nissan iniciaram negociações no fim do ano passado para se unirem em um movimento que efetivamente dividiria o mercado de automóveis do Japão em dois, já que o setor global tende a uma maior consolidação para competir com os fabricantes de veículos elétricos liderados pela Tesla nos EUA e pela BYD na China.
Antes desse anúncio, em dezembro, circularam rumores de que a Hon Hai Precision Industry, a fabricante de iPhone conhecida como Foxconn, estava interessada em uma aquisição parcial ou total da Nissan para utilizar sua capacidade de fabricação e reforçar sua própria incursão nos veículos elétricos.
Ver uma de suas montadoras cair nas mãos de Taiwan teria sido desagradável para o governo japonês. A Honda e a Nissan disseram que planejam anunciar uma estrutura para seu acordo até o final deste mês e pretendem listar uma holding separada que abrigaria as duas empresas até agosto de 2026.
Entretanto, é questionável se a Nissan teria os fundos para comprar a participação da Renault. O valor de mercado da Nissan caiu para cerca de 1,56 trilhão de ienes, enquanto seu caixa e equivalentes de caixa estavam em torno de 1,52 trilhão em 31 de dezembro.
A Nissan também está enfrentando dificuldades financeiras, o que é uma das razões pelas quais uma associação com a Honda é atraente. Em novembro, a Nissan disse que demitiria 9.000 funcionários e cortaria um quinto de sua capacidade de fabricação depois que o lucro líquido despencou 94% no primeiro semestre de seu ano fiscal.
Agora, a Nissan prevê que seu lucro operacional cairá para apenas 150 bilhões no ano que se encerra em março, 70% abaixo de sua previsão anterior. A gerência também reduziu sua perspectiva de receita em mais de 9%, o que significa que agora eles não esperam praticamente nenhum crescimento para o ano.