A Hyundai informou nesta quinta-feira (18) que pretende produzir mais de 80% dos veículos que vende nos Estados Unidos em território norte-americano até 2030. A mudança é uma resposta às políticas tarifárias dos EUA. Assim, a montadora sul-coreana vai aumentar a capacidade de produção de sua fábrica no estado da Geórgia.

A montadora informou ainda que reduziu sua meta de margem de lucro operacional para 2025 para algo entre 6% e 7%. Até então, a montadora havia anunciado em aumento 7% e 8% e citou o impacto das tarifas dos EUA pela redução. A diretoria da empresa disse que espera que as margens de lucro voltem para o patamar de até 8% em 2027 e de até algo entre 8% e 9% até 2030.

A Hyundai, que, juntamente com a afiliada Kia, é a terceira maior montadora do mundo em vendas, disse que sua fábrica na Geórgia atingirá a capacidade de produção de 500.000 veículos por ano até 2028, com uma combinação de veículos híbridos e elétricos (EVs).

“O plano da Hyundai de fabricar 80% dos veículos que vende nos Estados Unidos poderia ajudar a amortecer o impacto das tarifas dos EUA sob Trump”, disse Shin Yoon-chul, analista da Kiwoom Securities.

Shin disse que a Hyundai precisará justificar por que manter a produção dos EUA nesse nível ainda faria sentido no longo prazo, mesmo se as tarifas forem removidas. Quando sua fábrica na Geórgia atingir o ponto de equilíbrio, a implantação de robôs humanoides poderia melhorar a lucratividade.

A montadora também planeja expandir sua linha global de híbridos para mais de 18 modelos até o final da década, em comparação com os 14 modelos planejados anunciados no ano passado.

Também vai lançar veículos elétricos de alcance estendido (EREVs) em 2027 e sua primeira picape média na América do Norte antes de 2030. A fábrica na Geórgia produzirá uma mistura de 10 modelos híbridos e EV.

José Muñoz, co-CEO da Hyundai, disse que a projeção financeira revisada da empresa foi baseada na atual taxa tarifária de 25% dos EUA, acrescentando que seu plano de produzir 80% dos veículos que vende nos Estados Unidos localmente é para reduzir a exposição tarifária e fortalecer o crescimento, mas não viria às custas da produção sul-coreana.

“Precisamos crescer nos Estados Unidos e produzir o que vendemos nos Estados Unidos, mas a Coreia não deve se preocupar”, disse Muñoz.

Ele acrescentou que espera que ambos os governos consigam chegar a um acordo o quanto antes, o que ajudaria a Hyundai a planejar o próximo ano.

Em 30 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que os Estados Unidos cobrarão uma tarifa de 15% sobre as importações da Coreia do Sul, em vez dos 25%, anteriormente ameaçados, e reduzirão as tarifas sobre as importações de automóveis para 15%, em vez dos atuais 25%, em troca de Seul investir US$ 350 bilhões nos Estados Unidos.

Washington implementou nesta semana uma tarifa menor de 15% sobre as importações de carros e autopeças do Japão, em um momento em que a Coreia do Sul ainda enfrenta tarifas de 25% para automóveis.

Seul e Washington têm lutado para superar os obstáculos para finalizar o acordo comercial firmado em julho, com detalhes sobre um fundo de investimento de US$ 350 bilhões que ainda não foram acertados.

Em julho, a Hyundai informou que as tarifas dos EUA custaram à empresa 828 bilhões de won (US$ 606,37 milhões) no segundo trimestre, e que o impacto será maior no período de julho a setembro.