No mercado, os rumores ganharam força nos últimos dias, alimentados por conversas com bancos e investidores do setor. Fontes próximas à empresa ouvidas pelo InvestNews evitam dar detalhes sobre a discussão, mas não negam que há uma mudança em curso.
O BNDESPar e a canadense AIMCo, acionistas minoritários com 33,5% do capital, estariam entre os que demonstram maior desconforto com o atual modelo de gestão. Fontes afirmam que bancos como BTG e Bradesco, importantes financiadores da empresa, também manifestaram preocupação com a execução de projetos recentes. Já o CPP Investments (Canada Pension Plan), controlador da Iguá com 66,5% das ações, resiste à troca de comando.
Com passagens por Santander e Corsan, onde coordenou o processo de privatização da empresa de saneamento do Rio Grande do Sul, Barbuti é visto como um perfil mais voltado ao mercado financeiro. Desde agosto de 2023 ele comanda a Iguá, indicado pelo CPP.
A avaliação de pessoas do mercado é a de que o CEO da Iguá tem um estilo de gestão mais formal e menos envolvido no dia a dia operacional, em contraste com o modelo anterior, implementado pela IG4, gestora que tocou a reestruturação financeira da empresa até agosto de 2024, quando liquidou sua participação na companhia.
“Com o marco regulatório, o setor de saneamento foi visto como um mercado de infraestrutura, e isso levou à contratação de muitos executivos do mercado financeiro, com pouco conhecimento real do negócio”, disse uma fonte do setor. “Não dá para o executivo ficar na cadeira sentado e olhando para os números. Ele tem de entender como gerar eficiência operacional para bancar os investimentos.”
Um exemplo que alimentou essa visão foi o leilão de concessão de Sergipe, vencido pela Iguá com ágio considerado elevado. Fontes do mercado dizem que a operação envolve riscos operacionais complexos, incluindo altas perdas não técnicas (furtos de água), e foi vista como um movimento diferente do perfil de investimentos da empresa.
Barbuti, inclusive, estaria buscando reacomodar executivos de sua confiança no mercado em meio às discussões no board. Um dos exemplos é o da advogada Thaís Mallmann, que deixou a Corsan para assumir o cargo de diretora jurídica da Iguá. Após dois anos na função, Thaís migrou recentemente da companhia para uma posição de diretoria na associação do setor (a Abcon Sindcon).
Em nota, o BNDES afirmou que não comenta assuntos relacionados a empresas de capital de aberto. A Iguá disse que está em período de silêncio e não poderia comentar o caso. Procurados pelo InvestNews, AIMCo e CPP não responderam até o fechamento desta reportagem.