A JSL, operadora logística do grupo Simpar, encerrou o segundo trimestre de 2025 com lucro líquido contábil de R$ 21 milhões, queda de 80% em relação ao mesmo período do ano passado — quando o resultado havia sido impulsionado por um efeito não recorrente, tornando a base de comparação menos favorável neste ano.

Considerando o lucro líquido ajustado, que exclui amortizações de ágio e baixas contábeis na venda de ativos, o resultado foi de R$ 36 milhões, levemente acima do mesmo período de 2024. Segundo o CFO Guilherme Sampaio, o lucro nominal segue pressionado pelo CDI elevado e pelo custo financeiro, enquanto o número ajustado busca refletir a performance operacional recorrente.

“O lucro nominal sofre com o CDI, não tem jeito. O que precisamos agora é traduzir o ganho de margem operacional em lucro líquido, e isso só vem com a redução da alavancagem”, afirmou Sampaio.

No trimestre, a alavancagem financeira — relação entre dívida líquida e Ebitda — ficou em 3,2 vezes. Para fins de covenants, que são os limites de endividamento definidos em contratos com bancos e debenturistas, o indicador é menor: 2,6 vezes, bem abaixo do teto de 3,5 vezes. Esse índice “limpo” desconsidera efeitos contábeis não recorrentes e é o que o mercado acompanha para avaliar a saúde financeira da companhia.

O trimestre registrou Ebitda ajustado de R$ 492 milhões, alta de 23% na comparação anual, com margem de 21,6%, 2,4 pontos percentuais acima de 2024. Sampaio destaca que a estratégia asset light, que prioriza o aluguel de ativos em vez da compra, vem gerando caixa e reduzindo a necessidade de investimento em um cenário de custo de capital elevado.

Com essa mudança, os investimentos (capex) caíram 88%, para R$ 138 milhões, aplicados apenas em projetos em que o aluguel não fechava a conta. “Não vamos perder o contrato se não der para fazer asset light, mas estamos bem atentos”, disse o executivo.

A JSL também avançou na rentabilização do portfólio com a saída gradual do transporte de grãos herdado da IC, que hoje representa apenas 2% da receita. “Era uma operação que gerava receita, mas prejuízo. Optamos por sair desse jogo de margem baixa e focar em serviços essenciais, onde a qualidade do operador logístico faz diferença”, completou Sampaio.

O trimestre ainda foi reforçado por R$ 1,5 bilhão em novos contratos, 90% com clientes já atendidos, o que garante 2,5% de crescimento de receita futura. O varejo e e-commerce se destacaram com alta de 41% na comparação anual, passando a representar 6% do faturamento.