A Kepler Weber, maior construtora de armazéns de grãos do país, encerrou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 14,4 milhões, uma queda de 61% em relação a um ano antes, pressionada por margens mais estreitas e custos financeiros maiores.

A receita recuou 5,1%, para R$ 311,1 milhões, enquanto o Ebitda — lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização — encolheu 40%, para R$ 37,9 milhões. O golpe mais duro veio das margens. Em meio a juros elevados, a empresa fechou mais negócios, mas com ticket médio menor. “O custo de venda acompanhou o volume. O que pressionou a margem foram descontos comerciais maiores, com o produtor pedindo mais para fechar negócio”, disse o CFO Renato Arroyo.

A carteira de pedidos firmados está 13,8% maior que no mesmo período do ano passado, e o volume embarcado no semestre foi o maior dos últimos dez anos. Agroindústrias e Reposição & Serviços se destacaram, com alta de 9,2% e 8,4% na receita, respectivamente. Já as vendas para fazendas recuaram 7,5%, e a divisão de Portos e Terminais – que no ano passado havia entregue dois grandes projetos – despencou mais de 60%.

Apesar do desempenho fraco, o CEO Bernardo Nogueira reforçou que o segundo semestre costuma ser mais forte. “Quando olhamos para o Ebitda de junho, já vemos um sinal de retomada”, afirmou. Junho representou 56% do Ebitda do trimestre.

Bernardo Nogueira, CEO da Kepler Weber
Bernardo Nogueira, CEO da Kepler Weber (Divulgação)

No exterior, a Argentina segue sendo a principal aposta. O país vizinho foi responsável por 30% das vendas internacionais no semestre, e a companhia pretende reforçar sua presença comercial no país a partir de 2026, sem construir fábrica.

A Kepler também confirmou o pagamento de cerca de R$ 25 milhões em proventos no início de setembro, o que equivale a aproximadamente R$ 0,14 por ação, uma tentativa de segurar o interesse dos investidores mesmo com payout elevado no ano.