A L’Oréal está vendendo pelo menos US$ 1,7 bilhão (€1,5 bilhão) em títulos de dívida em uma operação de três partes, para ajudar a financiar a aquisição da Kering Beauté, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto. As informações foram divulgadas pela Bloomberg.

A empresa está oferecendo um título de dois anos, um título com taxa fixa de cinco anos e um título de longo prazo de dez anos, também com taxa fixa. Os papéis devem receber nota Aa1 da Moody’s Ratings e AA da S&P Global Ratings, e podem ter o preço definido ainda hoje.

A L’Oréal concordou em comprar a divisão de beleza da Kering no mês passado, com o grupo dono da Gucci definido para receber US$ 4,7 bilhões (€4 bilhões) em dinheiro no fechamento do negócio — previsto para o primeiro semestre do próximo ano — além de royalties da L’Oréal.

A aquisição da Kering Beauté marcou a mais recente de uma série de transações realizadas pela gigante francesa de cosméticos. A L’Oréal comprou a Aēsop em 2023, em um valor de US$ 2,5 bilhões, e recentemente adquiriu a marca sul-coreana Dr. G, uma participação majoritária na Medik8, e participações minoritárias em empresas, incluindo a fabricante de fragrâncias de luxo Amouage, de Omã.

Novo rumo

Kering muda o rumo de seus negócios com venda de divisão de beleza à L’Oréal. Em outubro, a Kering vendeu toda sua divisão de beleza para a L’Oréal em um negócio de cerca de US$ 4,7 bilhões). Assim, a empresa muda o rumo de seus negócios. Pelo acordo, a Kering vai receber os US$ 4,7 bilhões em dinheiro no fechamento do negócio, previsto para o primeiro semestre do próximo ano. A empresa também vai embolsar royalties da L’Oréal.

A transação inclui a venda da fabricante de perfumes House of Creed, adquirida pela Kering há apenas dois anos. Kering e L’Oréal também anunciaram que trabalharão juntas para criar, desenvolver e distribuir fragrâncias e produtos de beleza para as marcas Gucci, Bottega Veneta e Balenciaga, da Kering.

A mudança reverte o plano anterior da empresa de bens de luxo de expandir e assumir o controle direto de seu segmento de beleza e cosméticos, e de avançar para o segmento de fragrâncias de alta qualidade, onde as rivais Hermès International e LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton SE têm apresentado forte desempenho.

A negociação entre Kering e L’Oréal é o primeiro movimento estratégico significativo sob o comando de De Meo, que assumiu oficialmente o cargo em setembro, substituindo François-Henri Pinault após uma série de alertas de lucro no grupo de luxo fundado por seu pai, François Pinault.

Os Pinaults continuam sendo os acionistas majoritários da Kering, com 42% de participação e 59% dos direitos de voto.

Embora Luca de Meo, presidente do grupo Kering deva revelar sua estratégia no próximo ano, ele está se movimentando rapidamente para tentar reformular as operações da empresa. Desde que assumiu, ele visitou lojas e fábricas e se reuniu com as equipes de negócios e criação.

Concorrência chinesa

A Kering enfrenta uma queda na demanda chinesa e a ameaça de tarifas mais altas nos EUA. O alto endividamento do grupo também gerou ansiedade nos investidores, e De Meo já informou aos acionistas que suas principais prioridades incluem a redução de dívidas e custos. A dívida líquida da Kering aumentou 24%, para US$ 12,3 bilhões (€10,5 bilhões) no final do ano passado.

A L’Oréal é o maior grupo do mundo dedicado a cosméticos e beleza e obterá licenças de 50 anos para as marcas de perfumes da Kering. A licença para a Gucci entrará em vigor após o término do acordo atual com o grupo rival de perfumes e beleza Coty, informaram as empresas. A L’Oréal já detinha a licença da marca Yves Saint Laurent, da Kering, e fabrica o popular perfume Libre.

Em 2023, quando Pinault buscava expandir o braço de beleza, o CEO da L’Oréal, Nicolas Hieronimus, afirmou que não havia risco de que sua licença fosse retomada pela Kering. Yves Saint Laurent é a segunda maior marca de moda da Kering, depois da Gucci.