Os seis maiores bancos de Wall Street não têm cumprido uma parte importante de seus compromissos em padrões ambientais, sociais e de governança (ESG) com as partes interessadas, de acordo com um estudo conjunto publicado nesta quarta-feira.
Uma análise da Ceres e da Transition Pathways Initiative (TPI) revelou que JPMorgan Chase, Bank of America, Citigroup, Goldman Sachs, Morgan Stanley e Wells Fargo ainda precisam alinhar suas metas de financiamento de petróleo e gás para 2030 com um cenário que mantenha o aquecimento global dentro do limite crítico de 1,5°C.
O apoio contínuo dos bancos aos combustíveis fósseis, que é a principal fonte de poluição que aquece o planeta, deixou a indústria e os executivos na liderança vulneráveis a críticas de acionistas e grupos ativistas. Ao mesmo tempo, o setor financeiro está sob intensa pressão da direita nos EUA, já que o Partido Republicano penaliza bancos que parecem adotar metas ambientais, sociais e de boa governança, como a redução de emissões financiadas.
“Nossa análise destaca o quão difícil é para os bancos e suas partes interessadas avaliar e comparar quanto avanço estão conseguindo em reduções reais de emissões de petróleo e gás.
Blair Bateson, diretor da Ceres Company Network.
“E vai além desses seis bancos”, destaca Bateson.
A BloombergNEF estima que a parcela de empréstimos para energia limpa e subscrição de ações em relação aos combustíveis fósseis precisa atingir uma relação de 4 para 1 até o final da década para cumprir o acordo climático de Paris. Mas, no final de 2021, essa proporção para o setor financeiro era de aproximadamente 0,8 para 1, disse a BloombergNEF em fevereiro.
Os bancos destacados na análise da Ceres e da TPI são todos membros da Net Zero Banking Alliance, uma coalizão que exige dos signatários metas provisórias em seus balanços para os setores com maior intensidade de carbono. Todos os seis estabeleceram objetivos até 2030 para os setores de petróleo e gás.
Por que as metodologias falharam?
A Ceres e a TPI disseram que as metodologias que sustentam as metas de 2030 dos seis bancos de Wall Street “carecem de comparabilidade suficiente e divulgação transparente” e deixam “uma série de atividades comerciais relevantes fora do escopo de seus objetivos, o que, por sua vez, cria brechas para as instituições financeiras continuarem financiando atividades de alto carbono”.
O Citigroup disse em comunicado que suas metas de redução de emissões para 2030 são comparadas com o cenário “Emissões Líquidas Zero até 2050” da Agência Internacional de Energia, que está alinhado a 1,5°C. O banco afirmou que está comprometido em apoiar a transição para uma economia de baixo carbono.
Representantes do JPMorgan, Bank of America, Goldman e Morgan Stanley não quiseram comentar, enquanto os porta-vozes do Wells Fargo não estavam disponíveis de imediato.
Melhores práticas
No relatório Ceres-TPI, o Bank of America foi considerado com as “melhores práticas” em duas áreas: visando emissões absolutas em vez da intensidade das emissões e estabelecendo metas para 2030 alinhadas com o aquecimento abaixo de 2°C. O Citigroup também tem uma meta absoluta de emissões, enquanto o Wells Fargo foi classificado com a melhor prática para excluir compensações do mercado de carbono.
JPMorgan, Goldman Sachs e Morgan Stanley não demonstraram as melhores práticas em nenhuma das áreas analisadas pela Ceres e TPI.
Para melhorar as práticas de definição de metas, os bancos devem priorizar atividades com alta exposição financeira e de emissões, melhorar a divulgação das principais premissas e cálculos usados na definição de objetivos e emitir relatórios anuais para mostrar o avanço obtido no corte de emissões, segundo a Ceres e TPI.
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