Negócios
Marisa segue estratégia de ‘serviços complementares’ e inicia venda de consórcio de veículos
Com balanços ainda no negativo, varejista de moda busca novas receitas com a venda de produtos e serviços de terceiros em suas lojas e plataformas.
Mirando em “serviços complementares” aos clientes enquanto segue na busca pela elevação das receitas, a varejista de moda Lojas Marisa (AMAR3) anunciou nesta quarta-feira (14) o início das vendas de consórcio para a aquisição de veículos e contratação de serviços.
A medida é uma parceria com a Ademicon e já tinha sido anunciada no ano passado. As linhas de crédito vão de R$ 40 a R$ 500 mil para a compra de carros, caminhões ou embarcações e de R$ 20 a R$ 40 mil para a realização de serviços, entre eles festas e eventos em geral, procedimentos estéticos e médicos, viagens, cursos, intercâmbios, projetos arquitetônicos e de automação e pequenas reformas.
Em nota enviada nesta quarta, Alexandre Abreu, diretor executivo de operações e tecnologia, disse que o lançamento das vendas de consórcio reforça o desejo da Marisa de oferecer “produtos e serviços complementares”. A estratégia da empresa é acelerar a oferta de itens de terceiros por meio de seus canais de vendas, o que inclui até seguro de carros.
A tentativa por novas fontes de receitas vem diante de números em queda nos balanços. No terceiro trimestre de 2023, os ganhos com a venda de produtos e serviços caíram 45% na comparação com os três meses anteriores e 49% sobre o mesmo período de 2022, a R$ 313 milhões.
Como resultado, a Marisa cravou o oitavo trimestre consecutivo de prejuízo. O resultado ficou negativo em mais de R$ 196 milhões, uma forte piora na comparação com os R$ 63 milhões negativos do trimestre anterior e os R$ 97 milhões do terceiro trimestre de 2022.
Especialistas vêm apontando nos últimos meses preocupações sobre o aumento do endividamento da Marisa. No balanço mais recente, a relação entre a dívida e o patrimônio da empresa estava em 416,62, muito acima do indicador de 21,23 do setor, segundo levantamento feito pela ferramenta ValorPro.
A desconfiança do mercado diante dos números vem penalizando as ações da varejista na bolsa de valores, com queda acumulada em quase 36% nos últimos 12 meses. O cenário de incertezas inclui, além do aumento do endividamento, a troca de comando. No último dia 5, o Conselho de Administração anunciou a substituição do CEO João Nogueira Batista, que ocupava o cargo há apenas um ano, por Andrea Menezes.
“A decisão surge após um período marcado por um programa de demissões e fechamento de lojas liderado por Batista”, destacou em comentário o analista Ygor Araújo, da Genial Investimentos.
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