A Glencore e a Trafigura, que há muito tempo competem como os dois maiores players do mundo, estão a caminho do melhor ano para a negociação de metais, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto.
A IXM, a terceira maior trading de metais, já superou o lucro do ano passado e deve reportar o terceiro ano consecutivo de recorde, de acordo com o CEO Kenny Ives.
“Houve algumas oportunidades fenomenais neste ano”, disse Ives em um evento no escritório da Bloomberg em Londres, nesta semana. “Foi um ótimo momento para ser trader de metais básicos em 2025. Raramente vemos anos como este.”
Aumento da demanda
O crescimento do setor justifica um recente avanço para os metais de várias das maiores tradings de energia do mundo, em uma aposta de que os mercados se beneficiariam do aumento da demanda em um setor considerado cada vez mais estratégico pelos governos.
A Mercuria Energy, que foi a mais agressiva nesta expansão, obteve cerca de US$ 300 milhões em lucros com as negociações até agora neste ano, noticiou a Bloomberg na semana passada.
A alta nos lucros ocorre no momento em que as margens de negociação de outras commodities, como gás, petróleo e grãos, estão sob pressão. Para tradings de metais, representa uma mudança bem-vinda após um período de demanda fraca e preços instáveis que limitaram os lucros.
Lucros modestos
Ainda assim, nem todos os novos participantes aproveitaram totalmente o momento. As rivais da Mercuria no setor de energia, a Vitol e a Gunvor, que têm sido mais cautelosas na expansão, obtiveram apenas lucros modestos com metais neste ano, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, que pediram anonimato porque os números são privados.
O CEO da Gunvor, Torbjorn Tornqvist, disse em entrevista que a empresa ganhava dinheiro com metais, mas que os lucros “não eram tão grandes quanto ouvimos de outros”. Um porta-voz da Vitol não comentou sobre o assunto.
Entre os maiores players, os lucros foram impulsionados por uma série de choques e escassez na oferta.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criou uma grande oportunidade de arbitragem com ameaças não impostas de tarifas de importação sobre o cobre refinado. Isso elevou os preços do cobre dos EUA a um prêmio sem precedentes em relação aos padrões de referência globais, o que permitiu que tradings obtivessem lucros quase garantidos com o envio de metal físico para o país.
Os preços do minério extraído, conhecido como concentrado, dispararam, o que beneficiou o cobre, chumbo e zinco, em meio à expansão da capacidade de fundição e novos suprimentos limitados.
E a disparada dos preços do ouro e da prata também provou ser uma oportunidade lucrativa para tradings que, muitas vezes, têm exposição a estes metais como subprodutos de metais básicos — levando algumas a criarem equipes dedicadas a metais preciosos.
A Glencore, que registrou um recorde para a divisão de metais nos primeiros seis meses de 2025, com lucros ajustados antes de juros e impostos de US$ 1,57 bilhão, continuou com uma taxa semelhante no segundo semestre, de acordo com uma fonte familiarizada com o assunto.