A Eletrobras está enfrentando novas turbulências, já que acionistas minoritários estão se contrapondo às indicações para o conselho apresentadas pela liderança da empresa.
A empresa sediada no Rio de Janeiro publicou uma carta na noite de quinta-feira (10) pedindo o apoio dos acionistas aos candidatos indicados pela atual administração, liderada pelo CEO Ivan Monteiro. A Eletrobras disse que os indicados propostos foram selecionados em linha com os “objetivos estratégicos de longo prazo”, enfatizando a necessidade de uma “renovação controlada do conselho” para trazer maior expertise em operações e estratégia de energia.
A briga na diretoria da Eletrobras pode remodelar a direção de uma das maiores empresas do país, com acionistas minoritários desafiando o controle da administração enquanto a empresa passa por grandes reformas e uma importante venda de ativos.
Isso porque a concessionária também está buscando a aprovação dos acionistas para um acordo com o governo brasileiro que descreveu como um “marco histórico”, abrindo caminho para a venda de sua participação na Eletronuclear.
Os nomes envolvidos
Entre os indicados, a Eletrobras escolheu o ex-presidente do conselho da Eneva Carlos Márcio Ferreira, com apoio da SPX, Opportunity, Oceana Investimentos e Navi Capital. Também sugere a recondução de Pedro Batista de Lima Filho, com apoio da Atmos Capital, Vinci Equities, Milestones, Radar e SPX. A assembleia geral ordinária está marcada para 29 de abril.
Com participação suficiente para indicar um membro do conselho, Juca Abdalla, dono do Banco Clássico, reconduziu seu próprio nome.
Enquanto isso, outros quatro fundos — Geração L. Par Fundo de Investimentos, RPS Administradora de Recursos, Clave Gestora de Recursos e Tempo Capital — apoiam Marcelo Gasparino e Rachel Maia. Gasparino, que anteriormente atuou nos conselhos de administração da Petrobras e tem uma posição no conselho da Vale, se posicionou como um defensor ativo dos acionistas minoritários.
No LinkedIn, ele fez uma apelo direto por apoio, pedindo um “voto de confiança”. Ao contrário dos indicados pela empresa, ele e seus aliados apoiam uma política de dividendos mais agressiva. “Vamos defender um pagamento de pelo menos o dobro do dividendo pago em 2024”, disse Gasparino em entrevista, acrescentando que a Eletrobras gera um volume significativo de caixa anualmente e não tem grandes projetos em andamento.
Em um relatório de 7 de abril visto pela Bloomberg, o consultor de procuração Institutional Shareholder Services recomendou que os investidores votassem em Abdalla e Gasparino, argumentando que a eleição deles “aumentaria a representação dos acionistas no conselho”. A ISS também apoiou Maia em uma votação separada para acionistas preferenciais, citando seu potencial para trazer “maior independência, diversidade de gênero e experiência atuando em conselhos de empresas de capital aberto”.
Enquanto isso, a Eletrobras se prepara para mudanças regulatórias. No início desta semana, o Ministro de Minas e Energia do Brasil Alexandre Silveira, disse que o governo pretende propor reforma do setor ao Congresso no primeiro semestre do ano.