As sanções dos EUA contra a gigante de mineração de diamantes russa geram caos no setor, e operadores e fabricantes buscam alternativas para manter uma das principais fontes mundiais de gemas preciosas.
Compradores nos grandes centros comerciais de Antuérpia e Dubai e centros de manufatura na Índia passaram as últimas duas semanas em consulta com advogados para determinar o que significam as sanções dos EUA à Alrosa e como podem continuar comprando, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
Enquanto isso, os diamantes pararam de fluir das minas russas para Surat – o epicentro mundial do corte de diamantes – porque os bancos indianos não podem ou não querem processar os pagamentos.
Uma delegação da Alrosa visitou a Índia no início desta semana e realizou reuniões com clientes e grupos comerciais para discutir como facilitar as vendas, disseram pessoas familiarizadas com o assunto. A ruptura já afeta preços. O custo das pedras menores, que são a especialidade da Alrosa, começou a subir na semana passada.
Alrosa responde por 1/3 da oferta global
A Alrosa é de controle estatal: o governo federal detém 33% e outros 25% são detidos por autoridades locais. Perder seus suprimentos por um período mais longo seria um abalo sísmico para o mundo dos diamantes – a empresa responde por cerca de um terço da oferta global de pedras brutas, quase o mesmo nível da De Beers, que detinha o monopólio até o início deste século.
A Alrosa iria realizar sua próxima venda na próxima semana – uma das 10 que realiza a cada ano -, mas é improvável que consiga vender qualquer pedra porque os bancos não conseguem processar pagamentos, segundo as pessoas.
Mas enquanto governos ocidentais impõem sanções à Rússia e empresas se afastam do país, muitos na indústria de diamantes da Índia ainda querem continuar comprando, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
E enquanto grandes joalherias americanas como Tiffany e Signet Jewelers disseram que vão parar de comprar novos diamantes extraídos na Rússia, varejistas em lugares como China, Índia e Oriente Médio não seguiram o exemplo.
As reuniões da Alrosa na Índia nesta semana incluíram discussões sobre como permitir que fabricantes e operadores indianos paguem pelos diamantes da Alrosa, disseram as pessoas. Embora as discussões incluíssem o pagamento em rublos ou rúpias, nenhum acordo firme foi feito. Qualquer acordo precisará do apoio do governo indiano, que não esteve envolvido nas discussões.
A Alrosa não quis comentar.
Para a Alrosa, uma opção poderia ser vender suas gemas ao governo russo, como fez durante a crise financeira de 2008. O Ministério das Finanças também não quis comentar.