Se não tem demanda, não tem oferta. Essa é a – simples – explicação de quem acompanhou o adiamento do IPO da Moove, em Nova York. Segundo esses investidores, o preço da oferta, de US$ 14,50 a US$ 17,50, estava fora de lugar. Além disso, o mercado de lubrificantes não é exatamente atrativo: vem crescendo a taxas baixas nos últimos anos.
A Moove é uma empresa do grupo Cosan que atua na produção, venda e distribuição de óleo lubrificante e especialidades para os mercados varejista e industrial desde 2008, quando a Cosan adquiriu os ativos da afiliada brasileira da ExxonMobil. Tem unidades de produção no Rio, Estados Unidos e na Inglaterra, com vendas no mercado norte-americano, na Europa e na Ásia.
Segundo fontes, os coordenadores da oferta chegaram a tentar colocar o preço abaixo do piso da faixa indicativa para viabilizar a oferta. Mas os fundos não apareceram.
Para justificar a falta de interesse, pessoas próximas à operação citaram o risco Brasil: a piora do cenário fiscal teria desencorajado investidores a aumentar exposição ao país. Essa narrativa – super alinhada ao discurso crítico ao governo adotado pelo controlador da Cosan, Rubens Ometto recentemente – destoa da visão de investidores ouvidos pelo InvestNews. “Não teve demanda porque o preço [da oferta] não era atrativo desde o início, e porque o negócio de óleo não chama a atenção”, diz uma fonte em condição de anonimato.
Segundo outro interlocutor, o momento do mercado global ajuda a explicar a falta de interesse. O juro nos Estados Unidos pode cair menos do que se esperava, o que diminui o apetite do investidor global por mercados emergentes de um modo geral. “E com tanta empresa boa no mercado americano, por que o investidor vai se arriscar em uma empresa brasileira agora?”, diz. “Acho que queimaram a largada.”
Se a oferta saísse no teto da faixa indicativa de preço, a empresa levantaria US$ 437,5 milhões na oferta base. E, se a operação fosse concretizada, teria sido a primeira oferta primária de ações de uma empresa brasileira em Nova York desde o IPO do Nubank, em 2021.
Em fato relevante divulgado há pouco, a Cosan atribui o adiamento a “condições adversas”.
Os coordenadores da operação foram o JP Morgan, Bank of America, Citi, Itaú BBA, BTG Pactual e Santander.
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