Segundo apurou o InvestNews, o plano é que, uma vez de posse desses créditos, a IG4 avance em uma negociação junto à Novonor, detentora de 50,1% do capital votante da Braskem, para buscar os melhores termos para trocar a dívida por ações. Embora o detentor dos créditos tenha o direito a executar a dívida, a ideia é buscar um entendimento e partir para um acordo consensual com os envolvidos. Isso inclui a Petrobras – dona de 47% da companhia -, que já manifestou o desejo de ampliar sua presença na gestão da petroquímica.
Novonor e Petrobras já foram informadas do acordo entre IG4 e bancos, que prevê a exclusividade por 90 dias.
O plano elaborado pelos bancos credores – Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e BNDES – junto com a IG4 vem sendo desenhado há meses, segundo já havia noticiado o InvestNews. Mas só veio, de fato, para a mesa de negociação no momento em que terminou o acordo de exclusividade que o empresário Nelson Tanure havia fechado junto à Novonor, que aconteceu justamente nesta sexta, sem nenhuma oferta vinculante.
A negociação de Tanure foi feita diretamente com a Novonor, dona das ações que foram entregues aos cinco bancos como garantia de uma dívida assumida pela empresa, quando ainda era Odebrecht.
Já o IG4 negocia a compra dos créditos que estão nas mãos dos bancos em alienação fiduciária. Esses créditos seriam colocados dentro de um fundo de investimentos, dos quais os bancos seriam os credores. O IG4 só passa a ser acionista da Braskem, portanto, quando esses créditos forem convertidos em ações. E essa é, claro, a etapa mais complexa.
Primeiro, tem uma (difícil) questão de preço: se for atualizada, a dívida da Novonor com os bancos é de quase R$ 19 bilhões, e o valor de mercado da Braskem está perto de R$ 8 bilhões. Além disso, a Petrobras é um sócio importante nessa negociação. E vem expressando há tempos seu interesse em ter mais voz na definição do futuro da Braskem.
Por fim, a Novonor tem insistido em manter uma fatia minoritária na Braskem – algo entre 3% e 5% -, fundamental para que a empresa consiga sair da Recuperação Judicial. Segundo fontes, todas as variáveis estão à mesa neste momento.
O objetivo é que a negociação culmine em um acordo que permita que a IG4 faça um turnaround na Braskem, capaz de recuperar o valor das ações da companhia, a exemplo do que a gestora já fez em empresas como a Iguá Saneamento.
Além da reestruturação da dívida e de um aporte de capital, a ideia é reforçar os mecanismos de governança, dar maior influência da Petrobras na indicação de executivos. Essa seria uma forma de abrir caminho para a recuperação da empresa. E, com isso, dos bancos – que passariam a ser cotistas do fundo detentor das ações da petroquímica- reaverem os recursos relativos ao empréstimo concedido à Odebrecht entre 2016 e 2018.