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O que BofA e BTG esperam para o balanço da Ambev no 2º tri?

Bancos destacaram especialmente os melhores preços praticados pela companhia, além da forte contribuição da divisão brasileira para os negócios.

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O Bank of America (BofA) e o BTG Pactual divulgaram nesta segunda-feira (10) relatórios com estimativas para os resultados do segundo trimestre da fabricante de bebidas Ambev (ABEV3), que serão divulgados no dia 03 de agosto.

Os bancos de investimentos destacaram especialmente os melhores preços praticados (acima da inflação), além da forte contribuição da divisão brasileira para os negócios. As ações da empresa subiram mais de 1% nesta segunda-feira.

“A Ambev administrou a precificação de forma mais inteligente, indo além da tradição de um aumento de preço a cada trimestre e descobrindo maneiras diferentes de melhorar as vendas por hectolitro”, escreveram Thiago Duarte e Henrique Brustolin, do BTG Pactual.

O BTG pactual manteve recomendação neutra e preço-alvo em R$ 16, enquanto o BofA elevou de neutra para compra a recomendação sobre o que fazer com a ação da fabricante de cervejas e o preço-alvo de R$ 16,40 para R$ 17,50.

“Estamos construtivos em relação ao desempenho da margem nos próximos 18 meses e estimamos que a margem Ebitda de 2024 será a mais alta desde 2019. Isso deve ser impulsionado por custos de commodities mais baixos, real mais forte e preço/mix mais consistentes”, escreveram Isabella Simonato, Guilherme Palhares e Fernando Olvera, do BofA.

Confira abaixo as análises:

BofA

O Bank of America estima que o lucro antes de impostos, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês) consolidado da fabricante de bebidas atinja R$ 5,2 bilhões no período, alta de 13% no comparativo anual (excluindo créditos fiscais no segundo trimestre do ano passado), com margem de 27,5%, avanço de 1,8 pontos percentuais no comparativo anual.

O banco estima ainda lucro líquido de R$ 2,6 bilhões (valor por ação de R$ 0,16), alta de 21,4% ante o mesmo intervalo do ano passado e acima do consenso da Visible Alpha em R$ 2,47 bilhões.

“Esperamos que o segundo trimestre mostre tendências semelhantes às observadas no primeiro trimestre com expansão de margem no Brasil, melhorando os resultados no CAC (América Central e Caribe) e desempenho resiliente do LAS (LatAm South), apesar do macro difícil”, escreveu a equipe do banco,

Brasil

A estimativa do BofA é que o Ebitda no Brasil cresça 27,8% no comparativo anual.

Por outro lado, para o Brasil, os analistas estimam que os volumes cairão 2,4% em relação ao ano anterior, devido a duras comparações (com o fim da proibição de máscaras e o adiamento do carnaval em 2022), enquanto o preço/mix permanece muito resiliente, valor 13,5% acima do ano anterior.

Enquanto isso, os custos por hectolitro também estão desacelerando, apontou o banco, impulsionando a expansão da margem.

O BofA espera que o Ebitda no Brasil alcance R$ 2,3 bilhões, com margem de 26,7%.

Fora do Brasil, os resultados devem ser mistos, mas resilientes em geral, apontaram os analistas do banco.

Para 2024, o banco de investimento estima que o EBITDA consolidado da companhia aumente 19% em relação ao ano anterior, para R$ 30,4 bilhões, sendo que a divisão brasileira deve ser o principal motor de crescimento, contribuindo com 80% da melhoria no Ebitda.

“Estimamos que o Ebitda dessa unidade aumentará 34% em 2024, ante o ano anterior, e 13% acima do consenso da Visible Alpha. Acreditamos que isso se deve principalmente a uma visão mais otimista de custos. Assumimos que os custos de caixa por hectolitro cairão 8,7% em relação a 2023”, explicaram os analistas.

A expectativa é que a companhia continue mantendo a estratégia de aumentar seus preços acima da inflação, melhorando seu mix de produtos.

Para a casa, a Ambev continuará aumentando a receita por hectolitro para cerveja em 150 pontos bases acima da inflação geral no Brasil no médio e longo prazo.

Outras regiões

Já o desempenho no Canadá deve ser fraco no segundo trimestre, dados os volumes e margens pressionados, enquanto os resultados na América Central e Caribe estão melhorando sequencialmente.

“Na América do Sul, esperamos alguma volatilidade da margem EBITDA no comparativo trimestral, mas ainda melhor do que no 2T23 em 25,9%”.

Riscos

Os riscos apontados pelo BofA são as possíveis mudanças fiscais, além da concorrência. A eliminação dos benefícios fiscais (IVA e IOC) reduziria o LPA (lucro por ação) em 23% no ano de 2024.

“Sobre a concorrência, nossa pesquisa mostra que Heineken é a marca preferida dos brasileiros, então uma dinâmica competitiva mais agressiva pode impactar a Ambev. No entanto, não há sinais imediatos disso, e a Ambev já se beneficia da situação financeira conturbada de Petrópolis”, disseram os analistas.

Em março deste ano o grupo, dono das marcas Itaipava, Crystal e Petra, entrou com pedido de recuperação judicial, na Justiça do Rio de Janeiro. As dívidas da companhia somam R$ 4,2 bilhões.

BTG Pactual

Em relatório, os analistas do BTG informaram que prevêem receitas consolidadas de R$ 19,4 bilhões, um aumento de 8% no comparativo anual, impulsionadas principalmente pelos preços. Ao mesmo tempo, a casa espera que os volumes consolidados caíam 1% no comparativo anual.

A estimativa de Ebitda é de R$ 5,3 bilhões, um aumento de 14% no comparativo anual, com uma margem de 27,2%, 150 pontos bases acima ante o mesmo intervalo do ano passado.

Por fim, a casa projeta lucro por ação de R$ 0,15 sobre ganhos de R$ 2,4 bilhões, alta de 36% no comparativo anual.

Brasil

Para o segmento de cervejas no Brasil, a casa espera uma desaceleração do crescimento da receita de 11% no comparativo anual, já que os volumes devem contrair 2% ao ano, enquanto espera crescimento do Ebitda em 20% ao ano conforme a margem se expande em 180 pontos base no comparativo anual, para 24,2%.

Nos últimos três anos, o aumento nos volumes foi alimentado por uma combinação de uma indústria mais forte e a recuperação da participação de mercado, apontaram os analistas.

“No entanto, a precificação, mais do que os volumes, tem sido o foco de nossa atenção nos últimos trimestres. A Ambev administrou a precificação de forma mais inteligente, indo além da tradição de um aumento de preço a cada terceiro trimestre e descobrindo maneiras diferentes de melhorar as vendas por hectolitro”.

Para os analistas, em 2021, os descontos começaram a ser geridos de forma mais eficaz e a plataforma digital BEES foi uma alavanca fundamental.

“Em 2022, o mix melhorou com o retorno da mobilidade social e a reativação do consumo no local. A verdade é que a Ambev parece ter encontrado maneiras de capturar preços de forma mais eficaz, com receita por hectolitro superando a inflação em 700 pontos bases nos últimos 3 trimestres”, escreveu a equipe do BTG.

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