A Petrobras foi surpreendida por um novo pedido de informações feito pelo Ibama no processo de licenciamento para perfuração na Bacia da Foz do Amazonas, afirmou nesta terça-feira (14) a presidente da companhia, Magda Chambriard.

Segundo ela, a estatal espera obter a autorização até quinta-feira (16), sob pena de perder a sonda contratada para a operação — um equipamento considerado “raro no mundo” e que custa aos cofres da estatal R$ 4,2 milhões por dia. O contrato para o uso do equipamento vai até o dia 21 deste mês.

O Ibama confirmou nesta manhã que ainda há “pendências e incertezas” nos planos de emergência e de proteção à fauna apresentados pela Petrobras, e propôs uma reunião técnica na quinta-feira para discutir os pontos antes de decidir sobre a concessão da licença. A Petrobras respondeu que continuará atendendo aos questionamentos do órgão e se mantém confiante na emissão da licença “em breve”.

Mulher de óculos com cabelo escuro falando em um microfone durante uma apresentação.
Magda Chambriard, presidente da Petrobras. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a estatal já gastou mais de R$ 1 bilhão desde 2022 apenas com atividades relacionadas ao licenciamento ambiental, incluindo R$ 543 milhões em aluguel da sonda, R$ 327 milhões em embarcações e R$ 142 milhões em serviços aéreos.

A Foz do Amazonas é parte da chamada Margem Equatorial, uma extensa faixa litorânea que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte e é vista como a nova fronteira exploratória do petróleo brasileiro. Estudos indicam que a região pode abrigar grandes reservas de óleo leve, semelhantes às encontradas na Guiana, que vive um boom de produção liderado pela ExxonMobil.

Mas o potencial econômico contrasta com altos riscos ambientais e políticos: a área está próxima à foz do rio Amazonas, um dos ecossistemas mais sensíveis do planeta, e a exploração divide o governo Lula — entre alas desenvolvimentistas, que veem na Margem Equatorial uma oportunidade de nova geração de riqueza, e a equipe ambiental, liderada pela ministra Marina Silva, que defende maior cautela nos licenciamentos.