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Petrobras terá dividendos robustos, mas desafios serão bem maiores, diz CEO

Jean Paul Prates falou em videoconferência após a divulgação do resultado da empresa.

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A Petrobras (PETR3 e PETR4) terá ainda robustez no pagamento de dividendos aos seus acionistas em 2023, pois planeja registrar lucros a altura do auferido no último ano, mas os desafios a serem enfrentados serão ainda maiores, afirmou nesta quinta-feira (2) o presidente da petroleira, Jean Paul Prates.

“São circunstancias diferentes, é um desafio maior, até porque não vamos necessariamente sair vendendo ativos por decisões governamentais como foi feito antes, não vamos nos desfazer de refinarias ou de regiões inteiras simplesmente porque o governo quer”.

Jean Paul Prates, presidente da Petrobras

As declarações do executivo foram feitas em videoconferência com analistas sobre o resultado recorde da empresa em 2022.

“Onde houver oportunidade no território brasileiro ou até no exterior, nós vamos perseguir. E quem vai decidir isso não é um imperador, ou uma pessoa só, é o Conselho de Administração, é uma diretoria executiva competente, é um diálogo aberto inclusive com investidores e pessoas que acreditam na Petrobras.”

O executivo, que já criticou em declarações anteriores a atual política de dividendos da empresa – pagadora de elevada remuneração aos acionistas enquanto focou em petróleo e gás e reduziu investimentos em diversificação e energias renováveis – foi questionado na videoconferência sobre qual seria uma fórmula equilibrada.

Na resposta, Prates afirmou acreditar que seria aquela que conselho, acionistas e diretoria decidirem em prol de investir bem e ao mesmo tempo remunerar os acionistas.

“Todos nós estamos em uma situação de ‘trade off’. Você deixa dinheiro comigo e eu vou te mostrar projetos muito bons…, um portfólio bem composto de coisas de curto, médio e longo prazos, sustentáveis, e o investidor decide se quer ficar conosco ou se quer estar com ‘cash’ certo do dividendo de curto prazo”, afirmou.

Prates disse ainda ter dúvidas se há necessidade de regras muito rígidas em relação a percentuais de distribuição de dividendos.

“As circunstâncias mudam, a conjuntura muda, os projetos mudam, e a gente vai compondo essa relação juntamente cada vez mais com diálogo com investidores”, disse, frisando que buscará muita conversa com acionistas minoritários e que “é possível dialogar antes de tomar decisões que eventualmente investidores não gostem”.

Fator político

Jean Paul Prates, indicado para CEO da Petrobras 8/12/2022 REUTERS/Adriano Machado

O executivo frisou ainda que é preciso que o investidor reconheça o fato de ser sócio do Estado brasileiro como uma vantagem. “Tem que ser bom ser sócio do Estado brasileiro, não pode ser um ônus, tem que ser um bônus.”

Um pouco depois da fala de Prates, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira a distribuição de dividendos anunciada na véspera pela Petrobras.

Lula disse, em cerimônia de lançamento do novo programa Bolsa Família, no Palácio do Planalto, que não se pode “aceitar a ideia da notícia de hoje” de que a Petrobras entregou dividendos mais de R$ 215 bilhões, montantes referentes ao exercício de 2022.

Para o presidente, a empresa deveria ter investido mais no crescimento do país.

A companhia registrou lucro líquido recorde de R$ 188,3 bilhões em 2022, alta de 77% ante o ano anterior, principalmente devido à alta dos preços do petróleo Brent, melhor resultado financeiro e ganhos com acordos de coparticipação em campos da cessão onerosa.

Impulso do petróleo

Petróleo (Foto: drpepperscott230/Pixabay)

Prates lembrou também que o ano de 2022 foi marcado por questões conjunturais de preços de petróleo, cujo mercado foi impulsionado inclusive pela guerra na Ucrânia e sanções à Rússia.

Ele comentou ainda que os resultados recentes da empresa também tiveram influência de uma retomada da economia pós-covid e sinalizou que poderá haver uma mudança na dinâmica de importação de combustíveis do país.

A adoção nos últimos anos pela Petrobras de uma política de preços de combustíveis que segue a paridade de importação permitiu o surgimento de novos atores nas importações brasileiras, reduzindo o protagonismo da petroleira estatal no abastecimento nacional. Prates, no entanto, sinalizou que isso pode mudar.

“O indicativo do governo que interferiu diretamente na Petrobras era de que ela de fato abrisse espaço para a concorrência do importado e isso provavelmente isso vai mudar”, afirmou.

“Não é que a gente vá fazer a política de preços do Brasil, eu insisto em dizer que isso é questão de governo, a Petrobras tem a política comercial dela… Ela vai buscar as condições mais competitivas, e ela vai se defender quando for acusada de que está tirando esse ou aquele concorrente”, afirmou.

Transição energética

Em sua primeira videoconferência sobre resultados trimestrais após tomar posse em janeiro, o presidente disse que a Petrobras precisa estar preparada para a “inevitável” transição energética e quer ter um papel de liderança neste cenário de busca por uma economia de baixo carbono.

Mas enquanto isso focará na produção de petróleo do pré-sal para obter recursos fundamentais para aquele futuro, afirmou nesta quinta-feira.

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