A Petrobras estuda voltar a ter uma rede própria de postos de combustíveis e distribuição, quatro anos após ter deixado o setor com a privatização da antiga BR Distribuidora, hoje Vibra Energia. A possibilidade, revelada pela Bloomberg, será discutida pelo conselho de administração da estatal nesta semana, como parte da revisão do plano estratégico 2026–2030.

O movimento é impulsionado por críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da CEO da companhia, Magda Chambriard, sobre o repasse insuficiente dos descontos feitos pela Petrobras nas refinarias aos consumidores finais. “Não é possível a Petrobras anunciar um desconto enorme no diesel e isso não chegar ao povo”, disse Lula neste mês, durante o anúncio de novos investimentos em refinarias. Ele também afirmou que a privatização criou camadas que encarecem os preços ao consumidor.

Com a sinalização de que a Petrobras pode voltar a atuar diretamente no varejo — seja por meio da recompra da Vibra, de uma nova operação ou outra alternativa —, os investidores reagiram com cautela. As ações da Vibra caíram 2,22% nesta quinta-feira (17), a R$ 21,11, representando a terceira maior queda do Ibovespa, que encerrou o dia com leve alta de 0,04%, aos 135.565 pontos. Os papéis da Petrobras fecharam com baixa de 1%.

A ideia da companhia, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, seria reforçar sua posição como uma empresa integrada e diversificada de energia, com mais controle sobre a cadeia de combustíveis até o consumidor final. A Petrobras, por ora, não comentou oficialmente o assunto.

A Vibra tem direito de uso da marca Petrobras até meados de 2029, mas foi notificada pela estatal no ano passado de que o contrato não será renovado nos termos atuais. A possibilidade de reestatização do setor de distribuição também tem apoio de sindicatos ligados aos petroleiros — que apoiaram a eleição de Lula.

Com informações da Bloomberg