O petróleo abriu as negociações da semana, na noite de domingo (22), em alta de até 5,7%, alcançando US$ 81,40 o barril. Mas devolveu quase tudo. Às 8h40 desta segunda (23) a alta era de 0,82%, a US$ 77,83.
O Irã seguiu respondendo ao bombardeio americano com mais mísseis sobre Israel, na madrugada desta segunda. O fluxo de petroleiros no Estreito de Ormuz, porém, segue normalmente. 20% da produção mundial de petróleo passa diariamente por esse estreito, na entrada do Golfo Pérsico, vindo de Arábia Saudita, Kwait, Qatar, Emirados Árabes…
O maior receio era de que o Irã respondesse atacando petroleiros de fora que passassem por lá – na prática, fechando o estreito. Mas isso não aconteceu.
O mercado global de petróleo está sob forte tensão desde que Israel atacou o Irã há mais de uma semana. Os contratos futuros subiram, os volumes de opções dispararam, as taxas de frete aumentaram e a curva futura mudou, refletindo as preocupações com o aperto na oferta de curto prazo. O Oriente Médio responde por cerca de um terço da produção global de petróleo, e preços mais altos e sustentados aumentariam as pressões inflacionárias no mundo todo.
“Isso pode nos colocar no caminho para um petróleo a US$ 100, se o Irã responder como tem ameaçado anteriormente”, disse Saul Kavonic, analista de energia da MST Marquee. “Esse ataque dos EUA pode gerar uma escalada generalizada do conflito.”
Há múltiplos riscos para os fluxos físicos de petróleo. O maior deles envolve o Estreito de Ormuz, caso Teerã decida retaliar tentando fechar esse ponto estratégico.
Segundo a TV estatal iraniana, o parlamento do Irã pediu o fechamento do estreito. Tal medida, porém, só poderia avançar com a aprovação explícita do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei.
Fornecedores Rivais
Além disso, Teerã poderia optar por atacar a infraestrutura de petróleo de países rivais no Oriente Médio, como outros produtores da Opep+, incluindo Arábia Saudita, Iraque ou Emirados Árabes Unidos. Após o ataque dos EUA, tanto Riad quanto Bagdá expressaram preocupação com os bombardeios às instalações nucleares.
Outra possibilidade seria Teerã orquestrar ataques a navios no outro lado da península arábica, no Mar Vermelho, encorajando os rebeldes houthis do Iêmen a hostilizar embarcações. Depois dos ataques americanos, o grupo ameaçou retaliar.
Se as hostilidades se agravarem, as próprias capacidades de produção de petróleo do Irã podem se tornar alvo, incluindo o importante terminal de exportação na Ilha Kharg. Um ataque a Kharg, no entanto, poderia fazer os preços do petróleo dispararem ainda mais — algo que os EUA talvez queiram evitar. Até o momento, a Ilha Kharg foi poupada, e imagens de satélite apontam que o Irã está acelerando as exportações de petróleo.
A crise também coloca os holofotes sobre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados, incluindo a Rússia. Nos últimos meses, a Opep+ tem relaxado rapidamente as restrições de oferta para tentar recuperar participação de mercado, mas os membros ainda possuem uma capacidade ociosa substancial que pode ser reativada.