A fusão entre Petz e Cobasi acaba de ganhar mais um capítulo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Depois de homologar, em 29 de agosto, uma prorrogação de 90 dias no prazo de análise — “considerada a complexidade do ato de concentração” — o Tribunal agora vai aprofundar os estudos sobre o impacto da operação.

A fusão é analisada pelo Cade desde meados de novembro do ano passado. Antes, da prorrogação, o prazo anterior para a conclusão se encerraria no próximo dia 3 de outubro.

O relator do caso, conselheiro José Levi Mello do Amaral Júnior, solicitou ao Departamento de Estudos Econômicos da autarquia um levantamento detalhado sobre a estrutura do mercado de varejo pet físico e online. O estudo deve avaliar pontos como hábitos de consumo, ocasiões de compra de bens e serviços, e até pressões competitivas entre lojas físicas e o digital.

Também deverá confrontar as premissas apresentadas pelas empresas e pela concorrente Petlove, companhia que ingressou como terceira interessada no processo, com os dados disponíveis ao Cade. Alguns dos pontos já vinham sendo levantados pela Petlove. A Superintendência-Geral havia aprovado a fusão em 2 de junho, sem imposição de remédios, mas a decisão foi contestada.

Na defesa apresentada ao Cade no edital da operação, Petz e Cobasi destacaram que o setor é altamente pulverizado, listando mais de 7 mil concorrentes no país, desde grandes redes até marketplaces e pequenos petshops de bairro.

A Petlove, porém, argumentou que a definição de mercado é ampla demais: enquanto uma petshop de bairro costuma trabalhar com cerca de 785 itens em estoque (os chamados SKUs), as chamadas superstores da Petz e da Cobasi chegam a oferecer 12 mil a 15 mil SKUs.

A crítica se estende ao e-commerce. Segundo a Petlove, o faturamento do canal online com artigos pet somou cerca de R$ 4,8 bilhões em 2024, valor inferior ao que seria a receita combinada de Petz e Cobasi, próxima a R$ 7 bilhões. Na avaliação da companhia, a fusão poderia criar um monopólio regional em várias praças, com efeitos negativos sobre preços, variedade e inovação.