A pílula experimental para perda de peso da Eli Lilly ajudou pacientes a emagrecer sem efeitos colaterais graves em um estudo clínico, reforçando o potencial de mercado medicamento na disputa da empresa com a Novo Nordisk, fabricante do Ozempic e do Wegovy.
Hoje, ela comercializa o Mounjaro, que, tal como os concorrentes, é injetável. A novidade do novo medicamento é a forma de pílula, mais simples de usar.
Na dose mais alta, pacientes com diabetes tipo 2 perderam 7,6% do peso ao longo de 40 semanas, segundo dados apresentados neste sábado na conferência da American Diabetes Association, em Chicago. Os resultados, publicados no New England Journal of Medicine, não encontraram sinais de danos ao fígado, aliviando temores de que o remédio pudesse enfrentar efeitos adversos que inviabilizaram tentativas anteriores de criar pílulas potentes para emagrecimento.
Os detalhes confirmam a promessa do fármaco depois de a Lilly ter divulgado um primeiro olhar animador sobre os dados em abril. A companhia espera lançar a pílula, chamada Orforglipron, em 2026.
A ausência de efeitos colaterais graves responde à principal dúvida pendente sobre o medicamento, disse Daniel Drucker, endocrinologista e pesquisador de obesidade da Universidade de Toronto, que não participou do estudo. No conjunto, o ensaio “não foi um home run, mas é muito respeitável”, comentou.
Injeções da Lilly e da rival Novo já revolucionaram o tratamento da obesidade. Porém, comprimidos como o orforglipron, administrados por via oral em vez de injeção, são essenciais para alcançar mais pacientes e dominar o mercado. Pfizer Inc. e AstraZeneca Plc estão entre as empresas que correm para desenvolver suas próprias pílulas, embora a ciência seja desafiadora.
As farmacêuticas disputam um mercado de novas terapias antiobesidade que pode chegar a US$ 150 bilhões ao ano em uma década. Até agora, o acesso tem sido limitado pela relutância de seguradoras em arcar com preços que superam US$ 1.000 por mês, mas analistas esperam maior adoção conforme se confirmem benefícios de longo prazo.
Na sexta-feira, o American College of Cardiology atualizou suas diretrizes para recomendar que medicamentos para perda de peso sejam prescritos mais cedo a pessoas em risco de doença cardíaca — medida que pode ampliar a cobertura de seguros.
A Lilly testa o orforglipron para diabetes, obesidade e condições correlatas como apneia do sono. Os resultados de seu principal estudo em obesidade serão divulgados ainda este ano.
A análise preliminar de abril mostrou que diabéticos no estudo da Lilly perderam mais peso que participantes de testes anteriores com a injeção Ozempic, campeã de vendas da Novo. Os pacientes da Lilly não haviam atingido um platô de peso ao final do ensaio, sugerindo maior perda futura; a glicemia caiu em média 1,3%, levemente abaixo do desempenho da pílula rival da Novo.
O efeito colateral mais comum foi diarreia, relatada por cerca de 25% dos pacientes na dose mais alta. Indigestão, vômito e náusea apareceram em taxas semelhantes às de medicamentos injetáveis. Aproximadamente 8% dos pacientes nessa dose abandonaram o estudo por efeitos adversos.
A Novo já comercializa a pílula para diabetes Rybelsus. Até recentemente, problemas de oferta haviam paralisado a versão de dose mais alta direcionada à obesidade. Em maio, a Novo informou que a FDA aceitou o pedido de aprovação, com decisão prevista para este ano.
A Lilly planeja solicitar aprovação do orforglipron para obesidade ainda em 2025 e já estocou cerca de US$ 600 milhões do medicamento, segundo documentos financeiros.