Nas últimas duas semanas, a Prosus já vendeu cerca de US$ 250 milhões em ações da Meituan e pode seguir se desfazendo de sua posição, que hoje representa menos de 5% do capital da empresa chinesa. O dinheiro levantado será redirecionado para fortalecer outras marcas do portfólio de e-commerce da Prosus.
A disputa tem um sabor bem brasileiro. O CEO global da Prosus é o brasileiro Fabricio Bloisi, fundador do próprio iFood, agora incumbido de defender a liderança do app de delivery no Brasil contra a chegada da Meituan. A empresa de Pequim pretende investir nada menos que US$ 1 bilhão para popularizar seu aplicativo Keeta por aqui — com a velha fórmula que a consagrou na China: marketing agressivo e cortes de preços para conquistar mercado rapidamente.
Além do Brasil, a Meituan também mira o Oriente Médio, outro território onde a Prosus tem presença por meio da Delivery Hero, dona da Talabat. Ou seja: o avanço da Meituan é duplamente provocador para a Prosus — ameaça seus negócios tanto no hemisfério sul quanto no Golfo.
Bloisi vem promovendo uma reestruturação interna na Prosus desde que assumiu o comando global, no ano passado. Seu plano inclui concentrar investimentos em ativos estratégicos e reduzir participações minoritárias. No pacote: a venda de ações da JD.com, da Trip.com e, agora, da Meituan — além da proposta de vender parte da fatia de 27% na alemã Delivery Hero.
A nova estratégia já mostra resultados: em 2025, a Prosus registrou lucro pela primeira vez desde a chegada de Bloisi ao cargo, e suas ações acumulam alta de mais de 50% em um ano. A meta do brasileiro? Dobrar o valor de mercado do grupo até meados de 2028.
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