Em sua tradicional carta anual a clientes e investidores, o CEO e cofundador da BlackRock, Larry Fink, reafirmou o compromisso da gestora com a sustentabilidade e declarou que todas as empresas e setores serão transformados pela transição para uma economia verde, com emissão zero de carbono. Em sua visão, negócios e até cidades e países que não se adaptarem à “descarbonização da economia” correm o risco de ficar para trás.
“Os próximos 1.000 unicórnios não serão mecanismos de busca ou empresas de redes sociais, eles serão inovadores sustentáveis e escaláveis – startups que ajudam o mundo a se descarbonizar e tornar a transição de energia acessível para todos os consumidores”, escreveu no documento, divulgado pela gestora nesta terça-feira (18).
Fink, que no último ano anunciou que as práticas ESG (com foco ambiental, social e de governança) passariam ao centro dos negócios da BlackRock, escreveu a clientes que poucas coisas afetarão as decisões de alocação de capital – e o valor de longo prazo de uma empresa – mais que “a eficiência com que você navegará na transição energética global nos próximos anos”.
Relações de trabalho
No documento, Larry também destacou que a relação entre empregadores e empregados passa por intensa transformação, no sentido de que a pandemia chegou para alterar essa dinâmica, fazendo com que funcionários em todo o mundo demandem mais de seu empregador. Segundo ele, empresas que criam ambientes melhores e mais inovadores para os trabalhadores estão vendo níveis mais baixos de rotatividade e maiores retornos.
Fink defende que trabalhadores que exigem mais de seus empregadores são uma caraterística essencial do capitalismo eficaz. “Isso impulsiona a prosperidade e cria um cenário mais competitivo para os profissionais (…) As empresas que oferecem isso estão colhendo os frutos”.
O CEO da BlackRock também evidenciou questões como diversidade e inclusão como primordiais para propiciar esse ambiente, além das questões de pagamento e flexibilidade. “Além de melhorar nossa relação com o local onde trabalhamos fisicamente, a pandemia também evidenciou questões como igualdade racial, cuidados infantis e saúde mental – e revelou a lacuna entre as expectativas geracionais no trabalho”, acrescentou.
Segundo Fink, esses temas agora são o centro das atenções dos CEOs. Em sua visão, eles devem ser cuidadosos sobre como usam suas vozes e se conectam a questões sociais importantes para seus funcionários.
Capitalismo de stakeholders
O executivo citou também o que ele chama de “capitalismo de stakeholders”, que segundo ele deve ser conduzido por relacionamentos benéficos entre todas as partes envolvidas, como empresários, funcionários, clientes, fornecedores e comunidades. “O capitalismo de stakeholders não se trata de política. Não é uma agenda social ou ideológica. Não é ‘justiça social'”, salientou Fink no documento.
Ele complementou, ainda, que quando bem conduzido, o capital é alocado de maneira eficiente, as empresas obtêm lucratividade duradoura e o valor é criado e mantido em longo prazo. “Não se engane, a busca justa pelo lucro ainda é o que anima os mercados; e a rentabilidade de longo prazo é a medida pela qual os mercados determinarão o sucesso da sua empresa no fim das contas”, escreveu o CEO da BlackRock.
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