Andy Jassy não está interessado em líderes com postura imperial.  Em sua carta anual a investidores nesta quinta-feira (10), o CEO da Amazon buscou deixar isso claro.

A empresa é guiada por 16 diretrizes, os “princípios de liderança”. São motes na linha “obsessão pelo cliente”, “simplificar”, “contratar e desenvolver os melhores”… Um deles, porém, tem um significado ambíguo: “Líderes estão certos, e muito”.

Quem fala sobre a tal ambiguidade é o próprio Andy Jassy:

“Quando instituímos esse princípio de liderança, alguns interpretaram incorretamente que os melhores eram aqueles cujas ideias eram escolhidas (ou seja, que estavam certos). Isso levou algumas pessoas a insistir demais, a lutar excessivamente por suas próprias ideias”, diz o CEO na carta.

“Não há nada de errado em defender aquilo em que você acredita”, ele segue. “Mas, na minha experiência, os melhores líderes querem ouvir a opinião dos outros. Eles não se abalam nem reagem mal quando são desafiados; eles ficam intrigados. Líderes eficazes mudam de ideia quando são apresentados a novas informações convincentes”.

Uma vez tomada a decisão, de qualquer forma, fim de papo. “Desse ponto em diante, todos devem se comprometer para que essa decisão seja bem-sucedida. É a única maneira de preservar a velocidade”.

O que nos leva a outro highlight da carta, sobre o objetivo de manter uma “mentalidade de startup”, mesmo numa empresa com 1 milhão de funcionários.

“À medida que as empresas têm sucesso e crescem, às vezes esquecem como tudo começou”, ele escreveu. “Construímos o Amazon Simple Storage Service (S3) com 13 pessoas; o Amazon Elastic Compute Cloud (EC2) com 11 pessoas. Alguns gestores se enganam achando que a melhor forma de crescer e progredir é acumulando grandes equipes… Nossos melhores líderes realizam mais com o menor número de recursos necessário para fazer o trabalho”.

Esse foi o primeiro posicionamento público sobre diretrizes que ele tinha dado a portas fechadas em março, justificando o corte de diversos cargos intermediários de gerência.

O ponto central do discurso de Jassy, em março e agora, é desburocratizar as operações da gigante. Fazer com que os processos internos fluam rapidamente.

Acelera, Andy

A velocidade é uma obsessão do CEO. A palavra foi citada 14 vezes na carta e “tem importância desproporcional para todos os negócios, em todas as empresas, a todo momento”. Para o CEO da Amazon, agilidade e qualidade não são conceitos excludentes.

“Os times de liderança precisam acreditar que [a velocidade] é uma prioridade, reforçar isso constantemente, organizar e remover barreiras e construir [processos] de forma modular para proporcionar o ritmo.”

O caminho passa, naturalmente, por eliminar burocracias. “Existe uma diferença entre processo e burocracia”, disse. “Quando você está operando em escala, precisa de mecanismos para entregar a experiência certa e a melhoria constante aos clientes. Mas, quando as empresas crescem e contratam mais gerentes, processos desnecessários vão ganhando camadas que acrescentam pouco valor.”