Publicidade

A Raízen, uma das maiores produtoras de açúcar do mundo, avançou nas fixações de preços do adoçante para quase metade da produção esperada na próxima safra, e espera uma melhora na produtividade do canavial em 2026/27 (abril a março), disse um executivo nesta sexta-feira, 14.

Segundo o head de Relações com Investidores da Raízen, Phillipe Casale, as fixações para a próxima safra estão, até o momento, com um preço de 114 centavos de real por libra-peso, dando algum conforto em momento de preços baixos no mercado.

“Isso vai reduzir a exposição aos preços de tela mais pressionados no curto prazo”, disse ele, referindo-se às mínimas de cinco anos registradas no mercado de referência de Nova York.

O executivo afirmou também que a companhia já fixou preços de praticamente todo o açúcar que será produzido na safra atual (2025/26), a 111 centavos de real por libra-peso, garantindo “boa rentabilidade”, em momento em que players do mercado apontam preços na bolsa de Nova York abaixo do custo de produção.

A Raízen afirmou também que poderá ter ganhos de produtividade agrícola na safra do ano que vem, após plantio de cana em áreas atingidas por incêndios no ano passado e uma melhora climática, o que poderá ajudar nos resultados, segundo Casale, em teleconferência para comentar os resultados.

“Já estamos vendo benefício para a safra do ano que vem, não só do clima, mas também de todo o processo que fizemos este ano principalmente nas áreas mais afetadas no ano passado com as queimadas e seca”, disse ele.

“Este efeito de diluição vai trazer ainda mais eficiência para a linha de custo”, acrescentou.

Questionado por analista se a produtividade seria recorde, ele disse que não, mas afirmou que há uma “recuperação contratada”.

No acumulado dos seis primeiros meses da safra, a Raízen registrou uma redução de 6,4% na moagem de cana, para 59,6 milhões de toneladas.

Em meio a um processo de desinvestimentos e problemas climáticos, o executivo afirmou que a moagem da Raízen em 2025/26 deverá fechar mais próxima do ponto inferior do intervalo previsto, de 72 milhões a 75 milhões de toneladas, ante 78,2 milhões de toneladas na temporada 2024/25.

A Raízen teve prejuízo líquido de R$2,3 bilhões no segundo trimestre da safra 2025/26, contra resultado negativo de R$158,3 milhões no mesmo período da safra anterior, por conta de uma menor contribuição dos resultados operacionais e o aumento das despesas financeiras em razão do maior saldo de dívida, entre outros fatores.

A dívida líquida da companhia somou R$53,4 bilhões ao final do trimestre, um aumento anual de 48,8%.

Desinvestimentos

Na teleconferência, executivos afirmaram que o programa de desinvestimentos da Raízen, visando melhorar sua estrutura de capital, ainda não está concluído.

“Tem mais desenvolvimentos que deverão contribuir para redução do montante de dívida líquida”, disse executivo.

Já o CEO da Raízen, Nelson Gomes, observou que a companhia ainda tem oportunidades de reduzir custos para melhorar a estrutura de capital e ressaltou os recursos que entrarão em breve no caixa da empresa, resultado das vendas de ativos.

Conforme o executivo, os desinvestimentos renderam até agora R$5 bilhões, sendo que R$1 bilhão estão em caixa. “Temos R$4 bilhões a receber até o final do ano-safra”, disse ele, ressaltando que esses recursos vão todos para o pagamento de dívidas.

Ele lembrou que, com os desivestimentos e hibernações, houve uma redução de 30 para 24 unidades na Raízen, sendo este o número de unidades que deverão operar na próxima safra.

Gomes afirmou ainda que os acionistas da Raízen, a Shell e a Cosan, têm mantido reuniões frequentes visando movimentos para melhorar a estrutura de capital da empresa, mas não deu detalhes do que seria feito.