Depois de semanas no centro da disputa societária entre BRF, Marfrig e Minerva, o fundo soberano saudita Salic finalmente se manifestou. Questionado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre possível concentração de mercado — já que os sauditas são acionistas de BRF e Minerva —, o fundo buscou afastar suspeitas de alinhamento concorrencial.

Em manifestação oficial, a Salic afirmou atuar apenas como investidora financeira passiva, sem qualquer influência na gestão das companhias. O teor do documento chegou a ser antecipado pelo site The AgriBiz.

O fundo detém 24,49% da Minerva e 11,03% da BRF, mas não possui participação direta na Marfrig. Caso a fusão seja aprovada pelo Cade, poderá receber ações da futura MBRF Global Foodscombinação de negócios aprovada nesta terça-feira (5) pelos acionistas de BRF e Marfrig —, mas garantiu que não exercerá direitos políticos antes da anuência da autarquia.

Em resposta às críticas da Minerva e do fundo Nova Almeida (Latache), a Salic declarou não possuir contratos, memorandos ou entendimentos que indiquem alinhamento estratégico, troca de informações ou planos de ampliar sua fatia acionária na MBRF.

Além da Minerva, a Salic informou ter participação na Olam Brasil, voltada a grãos, sem impacto direto no mercado de carne bovina. O fundo também alegou que qualquer integração vertical relevante já havia sido analisada pelo Cade em 2023.

Para os sauditas, as preocupações com “common ownership”, ou propriedade cruzada, levantadas por concorrentes, são meramente teóricas, já que o fundo não exerce influência nem coordena decisões entre as companhias.

A manifestação chega em momento decisivo: o presidente do Cade já defendeu que a análise siga pelo rito ordinário, que exige investigação aprofundada e pode estender o julgamento por meses, mesmo após a aprovação societária de BRF e Marfrig.