A Sanofi concordou em comprar a Blueprint Medicines Corp. por pelo menos US$ 9,1 bilhões, à medida que a farmacêutica francesa expande ainda mais seu portfólio em doenças imunológicas raras. A Sanofi pagará US$ 129 por ação em dinheiro pela empresa de biotecnologia americana, informou a empresa em comunicado. Isso representa um prêmio de 27% em relação ao preço de fechamento da Blueprint na sexta-feira (30).

A farmacêutica tem alardeado sua ambição de se tornar uma potência em imunologia e, no início deste ano, fechou um acordo para comprar um medicamento com anticorpos por até US$ 1,9 bilhão. A Blueprint tem um portfólio de tratamentos experimentais de imunologia e medicamento já à venda para uma condição rara, conhecida como mastocitose sistêmica.

Renovação de portfólio

Segundo o The Wall Street Journal, o acordo é o terceiro da Sanofi neste ano, com a gigante farmacêutica buscando renovar o portfólio, após alguns de seus programas internos de desenvolvimento terem decepcionado nos testes clínicos. Executivos da empresa sinalizaram em uma teleconferência que mais aquisições podem ocorrer, informou o jornal. “A Sanofi ainda mantém uma capacidade considerável para novas aquisições“, disse o CEO Paul Hudson.

Cautela

As empresas farmacêuticas têm evitado negócios maiores nos últimos anos, sendo o maior até agora, em 2025, a aquisição da Intra-Cellular Therapies pela Johnson & Johnson por US$ 14,6 bilhões.

A transação anunciada nesta segunda-feira (2) é a maior da Sanofi desde a compra da Bioverativ, uma cisão com a gigante da biotecnologia Biogen, em 2018. Ela inclui um direito de valor contingente vinculado ao desempenho de um dos medicamentos experimentais da Blueprint.

“Vemos sinergias com a atuação atual da Sanofi em doenças raras, mas esperamos que os investidores questionem a avaliação e a confiança na oferta interna restante de P&D”, escreveram Sarita Kapila e colegas analistas do Morgan Stanley em nota.

Reação do mercado

As ações da Sanofi caíram 1% no pregão de Paris. As ações acumulam queda de cerca de 7,5% neste ano, com desempenho inferior ao de rivais europeias como GSK Plc e Novartis AG. A Blueprint subiu 26% no pregão antes da abertura das bolsas americanas.

Hudson surpreendeu os investidores em 2023, quando seu plano de gastos com pesquisa e desenvolvimento disparou um alerta de lucro e levou a uma liquidação de ações que eliminou cerca de US$ 25 bilhões em valor de mercado.

Desde então, a Sanofi separou com sucesso sua divisão de saúde do consumidor e tem trabalhado para provar que a unidade de pesquisa da farmacêutica, liderada pelo ex-craque do capital de risco Houman Ashrafian, pode continuar a produzir sucessos de bilheteria.

Vendas

A Blueprint comercializa o medicamento Ayvakit nos EUA — conhecido como Ayvakyt na Europa — para mastocitose sistêmica, em que um acúmulo anormal de células imunes pode causar sintomas como urticária, dor abdominal, dor óssea e anemia. A projeção é de que o tratamento gere US$ 2 bilhões em receita anual até 2030.

A empresa possui um medicamento chamado elenestinibe em desenvolvimento para a mesma doença e outro em fase intermediária de testes, chamado BLU-808, para distúrbios dos mastócitos, incluindo urticária crônica, na qual os pacientes apresentam urticária frequente com coceira e, às vezes, dor. A Blueprint também tem uma presença consolidada entre médicos especialistas, de acordo com informações da Sanofi.

Câncer

A aquisição marca o ápice de uma mudança bem-sucedida da Blueprint, fundada em 2008 e listada em 2015 com foco em terapias contra o câncer.

Após a dissolução de uma parceria com a Roche Holding AG, que a forçou a retirar um medicamento aprovado para o câncer de certos mercados, a empresa reduziu seus esforços na área de câncer e redobrou seus esforços na área de imunologia.

Os acionistas da Blueprint também concederam um direito de valor contingente não negociável. A companhia pagará aos detentores entre US$ 2 e US$ 4 por futuros marcos de desenvolvimento e regulamentação do BLU-808, que tem potencial para tratar uma série de doenças.

A transação implica o valor patrimonial de US$ 9,1 bilhões. O negócio, que totaliza cerca de US$ 9,5 bilhões, tem uma base totalmente diluída. A Sanofi espera concluir a aquisição no terceiro trimestre e afirmou que o negócio não terá impacto significativo em sua projeção financeira para 2025.