As negociações entre representantes das empresas estão em andamento, mas os termos de um possível acordo não foram revelados, e uma transação ainda está longe de ser certa, segundo o jornal, que cita fontes familiarizadas com o assunto.
A BP tem enfrentado forte pressão após anos de desempenho fraco e a intervenção do acionista ativista Elliott Investment Management. Uma reestruturação estratégica anunciada em fevereiro pelo CEO Murray Auchincloss teve recepção morna, com analistas e investidores questionando se a empresa conseguiria atingir suas metas de aumento na produção de petróleo e gás e melhoria dos retornos.
A especulação de que a empresa, em dificuldades, poderia se tornar alvo de aquisição vinha crescendo, embora o tamanho e a complexidade da BP tornem qualquer operação muito desafiadora. A Bloomberg noticiou em maio que a Shell vinha avaliando os méritos de uma aquisição, mas estava aguardando quedas adicionais no preço das ações e do petróleo antes de decidir se faria uma oferta.
A BP preferiu não comentar.
“Como já dissemos muitas vezes, estamos fortemente focados em capturar valor na Shell por meio da continuidade no foco em desempenho, disciplina e simplificação”, disse um porta-voz da Shell em resposta a perguntas da Bloomberg.
A Shell negou a reportagem do Wall Street Journal. “Isso é mais uma especulação do mercado. Não há negociações em andamento”, disse um porta-voz da empresa.
Negócio histórico
Caso a Shell adquira a BP, o negócio estaria entre os maiores da história europeia, criando pela primeira vez uma gigante do petróleo capaz de rivalizar com as líderes do setor, Exxon Mobil Corp. e Chevron Corp. Juntas, as duas empresas teriam uma produção upstream de quase 5 milhões de barris de óleo equivalente por dia e posição dominante no mercado global de gás natural liquefeito (GNL).
A operação também seria cara — alguns analistas estimam que a Shell teria de pagar um prêmio de cerca de 20% sobre a capitalização de mercado de £58 bilhões (US$ 80 bilhões) da BP. Além disso, poderia haver preocupações significativas de concorrência, com a empresa resultante tendo uma fatia muito grande no varejo de combustíveis em alguns países.
BP e Shell já foram rivais próximos — com tamanho, alcance e influência globais semelhantes — mas seus caminhos se distanciaram nos últimos anos, após a BP avançar rapidamente rumo à energia de baixo carbono sob a gestão do ex-CEO Bernard Looney.
Enquanto isso, a Shell vem cortando custos, se desfazendo de unidades de renováveis com desempenho fraco e redirecionando o foco para os combustíveis fósseis sob a liderança do CEO Wael Sawan. Embora suas ações tenham superado as da Chevron e da Exxon nos últimos anos, a avaliação da empresa ainda não alcançou a de suas grandes rivais americanas.
Sawan afirmou repetidamente que sua abordagem para fusões e aquisições será cautelosa e que “a régua é alta” para qualquer negócio. Em maio, disse a investidores que via maior valor na continuidade da recompra de ações da própria Shell.