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T4F sente incertezas do mercado após tropeços de turnê de Taylor Swift no Rio

Ação da empresa chegou a cair 9% e atingiu maior volume de negociação em cerca de 1 ano e meio.

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Muito aguardada pelos fãs, a passagem de Taylor Swift pelo Brasil começou com uma projeção de boas vindas no Cristo Redentor, mas em pouco tempo passou para uma sequência tumultuada, incluindo adiamento de show após a morte de uma pessoa. Nesse cenário, as dúvidas chegaram ao mercado financeiro, com queda da ação da Time For Fun e o papel batendo o maior volume de negociação em cerca de 1 ano e meio.

Na segunda-feira (20), a ação SHOW3 recuou 9,6%, a R$ 2,06. O volume de negociação foi o maior desde abril de 2022.

“Os problemas enfrentados pela Time 4 Fun durante o show de Taylor Swift no Rio de Janeiro introduziram incertezas significativas quanto à sua capacidade de criar valor para o investidor”, diz Felipe Pontes, sócio da L4 Capital. Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed, também credita o movimento da ação aos problemas no Rio. “Tudo isso acabou pesando na ação.”

Pontes aponta que essas incertezas podem ser causadas por vários fatores. O primeiro deles é a possibilidade de a T4F acabar envolta em processos judiciais por conta dos problemas com a “The Eras Tour” no Rio de Janeiro. Isso pode levar a “custos legais e indenizações, afetando negativamente os fluxos de caixa”, diz Pontes, comentando ainda os possíveis efeitos sobre a reputação da empresa

“A capacidade da Time 4 Fun de organizar grandes eventos pode ser questionada, afetando a confiança de clientes e parceiros, dado que existia uma expectativa muito grande com relação a este show, porque a companhia já havia perdido a produção do Lollapalooza Brasil. Isso pode resultar em menos contratos e eventos futuros, impactando diretamente a geração de receita da empresa.”

Felipe Pontes, sócio da L4 Capital

Nesta terça-feira (21), a ação SHOW3 busca alguma recuperação, chegando a subir mais de 5% pela manhã. Nesta semana, porém, a queda ainda estava acumulada em mais de 5%. Em 2023, a ação recua mais de 9%.

Os números da Time for Fun

A Time for Fun teve lucro de R$ 3,7 milhões no terceiro trimestre de 2023, revertendo um prejuízo de R$ 8 milhões no ano anterior.

Em compensação, no segundo trimestre de 2023, quando começou a vender os ingressos para os shows de Taylor Swift, a empresa teve um ganho de quase R$ 34 milhões, puxada por uma receita de R$ 361 milhões.

Além disso, “no terceiro trimestre de 2023, a companhia gerou R$ 171 milhões de caixa operacional, muito disso por causa dos shows de Taylor Swift”, destaca Pontes.

“Os ingressos foram vendidos trazendo alta lucratividade para a empresa, e isso fez preço no ativo, pois era um show que só teve ha 11 anos”, lembra Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management.

Taylor Swift em Los Angeles 11/12/2023 REUTERS/Mario Anzuoni

Agora, as próximas apostas da empresa para turbinar as vendas são a estreia da nova montagem do musical “O Rei Leão”, que ficará em cartaz até 2024, e o festival “Primavera Sound”.

Mas Pontes avalia que, na esteira dos efeitos que a turnê de Taylor Swift pode deixar sobre a reputação da T4F, “será difícil convencer as equipes de grandes artistas a fazerem grandes eventos produzidos por eles”.

“No curto prazo, a empresa deve sofrer bastante para tentar lidar com essa crise, porque ficou muito ruim para a imagem e capacidade de produção de eventos pela empresa.”

Os tropeços da ‘The Eras Tour’ no Rio

A cantora norte-americana Taylor Swift anunciou no sábado o adiamento do segundo show no Rio de Janeiro devido às “temperaturas extremas”. O show foi remarcado para segunda-feira. 

A decisão foi anunciada momentos antes da apresentação, com o público já no local, e um dia depois da morte de uma fã que passou mal durante o show anterior. 

Com um público de cerca de 60 mil pessoas, o primeiro show aconteceu no mesmo dia em que o Rio registrou sensação térmica recorde de 59,3º. 

Fãs chegam em estádio para show de Taylor Swift no Rio de Janeiro, Brasil 18/11/2023 REUTERS/Pilar Olivares

Diante de queixas de dificuldade de acesso à água no local e em reação à tragédia, o governo federal estabeleceu, em portaria editada neste sábado, a garantia ao acesso gratuito de garrafas de uso pessoal e a disponibilização de bebedouros ou distribuição de embalagens com água adequada para consumo, mediante a instalação de “ilhas de hidratação”, sem qualquer custo adicional.

“A partir de hoje, por determinação da Secretaria do Consumidor do Ministério da Justiça, será permitida a entrada de garrafas de água de uso pessoal, em material adequado, em espetáculos”

ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, em rede social

Mais cedo, a Secretaria Nacional do Consumidor já havia determinado à T4F que assegurasse o acesso à água em todos os shows da Taylor Swift no Brasil.

A empresa disse em nota que está reforçando seu plano de ação para o evento, especialmente o fornecimento de água gratuita nas filas e em todos os acessos e entradas ao estádio e no seu interior, e que irá permitir a entrada com copos de água lacrados, garrafas plásticas flexíveis e alimentos industrializados, também lacrados.

“Ressaltamos que a proibição de garrafas de água em estádios é uma exigência feita por órgãos públicos e que não realizamos a comercialização de bebidas e alimentos, sendo essa uma atribuição da administração do estádio”

T4F, em nota

No total, serão seis apresentações da artista norte-americana no Brasil. No próximo final de semana, de 24 a 26 de novembro, a cantora se apresenta em São Paulo.

(* com informações da Reuters)

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