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A Tesla inaugurou sua primeira loja na Índia, apresentando carros Model Y com preço inicial de quase US$ 70 mil, à medida que a montadora de veículos elétricos de Elon Musk busca conquistar novos mercados e compensar a desaceleração nas vendas em regiões onde já está bem estabelecida.

O espaço de 370 metros quadrados no distrito financeiro de Bandra Kurla, em Mumbai, abriu suas portas nesta terça-feira (15), com dois modelos Y em exibição. As reservas estão abertas para a versão com tração traseira, que parte de 5,99 milhões de rúpias (US$ 69.757), enquanto a versão de longo alcance custa 6,8 milhões de rúpias, segundo o site da Tesla.

Esse valor é bem mais alto do que o cobrado nos Estados Unidos, mesmo sem o crédito fiscal federal — principalmente por causa das tarifas de importação da Índia, que variam de 70% a 110%, e que Musk há tempos critica.

Desde o início da manhã de terça-feira, a loja da Tesla atraiu uma multidão de curiosos e entusiastas, que buscavam ver o centro de experiência apesar das fortes chuvas em Mumbai. Isabel Fan, diretora da Tesla para o Sudeste Asiático, estava entre os executivos da empresa presentes na inauguração.

A tão aguardada entrada da Tesla na Índia acontece em meio a desafios na China e nos EUA, seus dois principais mercados. As vendas da empresa caíram no último trimestre, e ela tenta evitar um segundo ano consecutivo de declínio após um fraco desempenho em 2024.

A fabricante americana de veículos elétricos vem perdendo espaço globalmente para sua concorrente chinesa BYD, e a Índia representa uma oportunidade de crescimento em um mercado ainda pouco explorado por marcas globais, devido a uma série de barreiras protecionistas.

Uma segunda loja deve ser aberta em Nova Délhi até o fim de julho, e a Tesla aumentou suas contratações locais e garantiu espaço para armazenamento.

As entregas de veículos em Mumbai, Nova Délhi e regiões vizinhas devem começar ainda neste trimestre, disse Isabel Fan a jornalistas durante uma coletiva no novo showroom. A montadora americana também instalará 16 estações supercharger em Mumbai e Delhi, além de centros de pós-venda, acrescentou.

Elon Musk
REUTERS/Joe Skipper

A Bloomberg News informou na semana passada que a Tesla deve começar a entregar carros já em agosto.

As ações da Tesla subiram 0,4%, para US$ 318,27, às 10h (horário de Nova York). No acumulado do ano, o papel caiu cerca de 21%.

Plantando a marca

Sem planos de abrir uma fábrica no terceiro maior mercado automobilístico do mundo, a entrada da Tesla na Índia tem menos a ver com ganhar volume de vendas imediato e mais com testar a demanda por seus veículos elétricos e construir a imagem da marca.

“Não é significativo do ponto de vista de volume ainda”, disse Jay Kale, analista da Elara Securities, sediada em Mumbai. “Mas ajuda a plantar a marca. Com o tempo, à medida que a infraestrutura de recarga melhora e o portfólio de modelos se expande, a Tesla pode ganhar escala.”

Embora o Model Y seja o carro elétrico mais vendido do mundo, poucos indianos poderão comprá-lo. A penetração dos veículos elétricos no país ainda é inferior a 5%, e os carros de luxo representam apenas 1% das vendas totais de veículos.

A Tesla vai competir principalmente com montadoras de luxo alemãs como BMW e Mercedes-Benz Group AG, e não com fabricantes de carros populares como Tata Motors, Mahindra & Mahindra e MG Motor India.

A empresa de Musk já flertou com a ideia de estabelecer uma base de produção local — algo desejado pelo governo indiano e que ajudaria a evitar as altas tarifas de importação —, mas até agora não se comprometeu com isso.

Relação tensa

A Índia está atualmente negociando um acordo comercial com os EUA, que pode incluir uma possível redução nas tarifas sobre automóveis — uma demanda antiga de Musk.

Ainda não está claro qual impacto a relação recentemente tensionada do CEO da Tesla com o presidente americano Donald Trump pode ter sobre os esforços da empresa para reduzir as barreiras comerciais indianas.

A estreia da marca Tesla na Índia ocorre após a renúncia, em maio, do antigo chefe de operações da empresa no país.