A TotalEnergies reportou um grande aumento na dívida líquida no segundo trimestre, com a gigante francesa de energia registrando queda nos lucros e apontando para um mercado de petróleo que está sendo prejudicado pelo crescimento econômico mais lento.

A dívida líquida aumentou 29% em relação ao trimestre anterior, indo para US$ 25,9 bilhões, e quase dobrou em relação ao ano anterior, com a empresa aumentando os gastos, incluindo aquisições, e o capital de giro.

O lucro líquido ajustado da companhia caiu para US$ 3,58 bilhões, uma queda de 23% em relação ao ano anterior, abaixo da estimativa média dos analistas de US$ 3,67 bilhões.

“Em um ambiente geopolítico e macroeconômico instável com guerra tarifária, os mercados de petróleo permanecem voláteis”, afirmou a direção da TotalEnergies em seu relatório de resultados nesta quinta-feira (24). “O mercado enfrenta uma oferta abundante, impulsionada pela decisão da OPEP+ de desfazer alguns cortes voluntários de produção e pela fraca demanda, ligada à desaceleração do crescimento econômico global.”

Tendo atraído investidores com pagamentos substanciais nos últimos anos de expansão, as grandes petrolíferas agora estão em uma linha tênue entre investimento, retorno aos acionistas e endividamento crescente, à medida que os preços do petróleo são pressionados pelas tensões comerciais globais e pelo aumento da produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados.

TotalEnergies recompra ações

A Total, a primeira grande petrolífera a divulgar seus lucros trimestrais, informou que manterá sua meta de recompra de ações de até US$ 2 bilhões no terceiro trimestre. No entanto, a empresa divulgou que recomprou apenas US$ 1,7 bilhão em ações nos três meses encerrados em junho, uma queda de US$ 300 milhões em relação aos trimestres anteriores.

A queda ocorreu porque as recompras foram ligeiramente adiadas e a empresa compensará a perda posteriormente, pois permanece comprometida com sua meta trimestral, assumindo que os preços do petróleo permaneçam próximos a US$ 70 o barril, disse o presidente-executivo Patrick Pouyanne em uma teleconferência. A empresa se beneficiará de uma grande redução no capital de giro e desinvestimentos no segundo semestre, afirmou ele.

Os investimentos líquidos somaram US$ 11,6 bilhões no primeiro semestre, principalmente devido a US$ 2,2 bilhões em aquisições líquidas de empresas como a produtora alemã de energia renovável VSB.

Esse valor permanecerá na faixa de US$ 17 bilhões a US$ 17,5 bilhões em 2025, inalterado em relação aos planos anteriores, graças ao programa de alienação planejado para o segundo semestre, informou a TotalEnergies.

A empresa prevê lucrar cerca de US$ 3,5 bilhões em desinvestimentos até o final do ano, abrangendo ativos de petróleo em países como Argentina e Nigéria e participações em ativos renováveis localizados nos EUA, França e Grécia, disse Pouyanne.

A demanda por ativos renováveis nos EUA está se beneficiando de um “efeito de escassez” devido ao plano do governo de reduzir o apoio à energia solar e eólica, acrescentou. A desaceleração no desenvolvimento de energias renováveis da empresa nos EUA “não será drástica” se ela garantir subsídios adequados para projetos futuros nos próximos meses. Ainda assim, tarifas e problemas na cadeia de suprimentos podem aumentar o custo do armazenamento em baterias e dos projetos solares.

A Total informou que a produção de petróleo e gás aumentou mais de 3% no primeiro semestre do ano, graças ao início da produção nos EUA e no Brasil, em linha com a meta da empresa para o ano inteiro. A produção de sua divisão de eletricidade aumentou mais de 20% em relação ao ano anterior.

A empresa confirmou o pagamento do segundo dividendo intermediário de 85 centavos de euro por ação, um aumento de cerca de 7,6% em relação ao ano anterior.

A produção petroquímica caiu no segundo trimestre devido à manutenção programada na unidade de Normandie, na França, e à fraca demanda na Europa. A empresa programou manutenções em Antuérpia, Port Arthur e HTC no terceiro trimestre. Pouyanne afirmou esperar que o desempenho de sua refinaria de Port Arthur, no Texas, e de Donges, na França, melhore até o final do ano.