Os anos de confinamento da pandemia acabaram, mas a forma inegociável de se vestir com conforto veio para ficar. Nos Estados Unidos, a Geração Z, a mais nova atuando no mercado de trabalho, já tratou de invadir escritórios e reuniões com modelitos comfy chic, incluindo calças de pijama.
Para isso, uma leva de influencers do TikTok e Instagram ensinam suas seguidoras a combinar calças de pijama de algodão com blazer bem cortado e sapato de couro. Outras, saem pelas calçadas com conjuntos de pijama, em estampas lisas, listradas ou estampadas, complementadas por tênis e colares.
Segundo o Market Research Future, empresa de análise de mercado, o setor mundial de loungewear foi avaliado este ano em US$ 7 bilhões, e deve chegar a US$ 15 bilhões até 2032. Incluído nesta projeção, está um fato interessante: por este segmento oferecer produtos mais acessíveis, há um espaço para que nasçam linhas premium. Eles citam o exemplo da Calvin Klein, que oferece roupas íntimas e pijamas básicos, e também uma linha com design mais elaborado.
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Neste formato, já nasceram marcas em torno do conceito luxe restweare. Entre elas, está a “Quiet Culture”, criada em Austin, no Texas, com manufatura em Portugal. Os pijamas têm cortes femininos e são feitos com tecidos mais duráveis, estampas criativas e cortes versáteis para serem usados dentro e fora de casa. As criações chegam a US$ 225 por conjunto.
Em Nova York, a moda é destacada por adolescentes vestindo calça de pijama de flanela xadrez nas ruas, metrôs, festas, cinema, restaurantes, e até nas escolas, já que a maioria não impõe uniforme. Em grande parte dos casos, meninas usam a calça de pijama com camisetas curtas, deixando a barriga do lado de fora.
Para essa faixa etária o preço é um grande atrativo. O site da marca japonesa Uniqlo, mostra modelos vestindo calças de pijama de flanela xadrez (vendidas por US$ 30) com blusa social, casaco de inverno e tênis. Na GAP, o consumidor encontra conjuntos de calça e blusa por US$ 31, e na na J.Crew, há opções de conjuntos por US$ 56.
Desfilar de pijama nos corredores escolares é visto por alguns pais como falta de respeito aos professores, preguiça e até desleixo. No entanto, o guia de vestuário estipulado pelo Departamento de Educação de Nova York tem outras prioridades. Para colocar ordem no maior sistema educacional do país, que engloba mais de 900 mil alunos, as regras prezam pela diversidade da população, incluindo símbolos religiosos, culturais e de gênero, e ressalta a importância em manter a segurança, proibindo qualquer vestimenta que incite violência, obscenidades, descriminação sexual, corporal, ou status imigratório. Pijama não é sequer citado.
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Na Bronx Science, considerada uma das cinco escolas públicas de 9ª a 12ª sérias que concentram a elite acadêmica de Nova York, a administração chegou a estampar seu logo em pijamas, da mesma forma que faz em camisetas e suéteres. Por isso, quem entra na escola se depara com um número sem precedentes de aspirantes a cientistas, engenheiros e médicos desfilando em seus PJs.
Mas a moda não pegou em todas as escolas. “O ambiente acadêmico onde eu estudo tem uma característica artística. Ninguém abre mão de uma calça jeans, mas há quem goste de uma calça mais solta, estilo praia”, nota a americana Noa Mehler, estudante de 15 anos, estudante da Bard High School, no Queens, que figura na lista das melhores escolas públicas da cidade.
Noa observa que os alunos que se sentem confortáveis em usar pijama costumam ser os jovens de classes sociais privilegiadas, os quais não precisam lutar ferozmente para se posicionar na sociedade. “Os alunos de origens mais humildes sabem que ninguém chega muito longe na vida vestindo pijama. Locais sérios exigem posturas sérias”, diz ela, que pretende seguir a carreira de estilista.
“Entendo que todos optam pelo conforto. Mas será que o pessoal dorme com a mesma calça usada no metrô? Espero que não”, conclui a estudante.
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